Camponeses homenageiam teatro militante e recebem apoio emocionado de Nelson Xavier

A peça conta a história de uma luta concreta de famílias camponesas expulsas das terras de um coronel que, atrelado ao governo e ao poder judiciário, expulsa as famílias e condena um dos líderes...

Escrito por: FETRAF • Publicado em: 23/08/2012 - 00:00 Escrito por: FETRAF Publicado em: 23/08/2012 - 00:00

Escrito por: Coletivo de Comunicação Encontro unitário

Foto: Ruy Sposati

A tarde do segundo dia do Encontro Unitário foi fortemente marcada pela apresentação da peça Mutirão em Novo Sol, escrita por Augusto Boal, Nelson Xavier, Hamilton Trevisan, Modesto Carone e Benedito Araújo em 1960. Segundo consta em documentos, a mesma peça foi apresentada no primeiro Congresso Camponês em 1961 em Belo Horizonte, também durante o segundo dia. 

Originalmente, a peça tem duração de mais de 60 minutos, mas a brigada Semeadores do Distrito Federal fez uma adaptação de algumas das cenas. A peça conta a história de uma luta concreta de famílias camponesas expulsas das terras de um coronel que, atrelado ao governo e ao poder judiciário, expulsa as famílias e condena um dos líderes do grupo à prisão.

A atividade contou com a presença de um dos autores da peça, o diretor e ator Nelson Xavier (70). Em conversa com militantes, ele contou sobre o contexto histórico em que a peça foi criada, suas reflexões acerca das mudanças sociais necessárias nos dias de hoje e o papel que a arte pode cumprir na luta de classes. “Eu estou muito comovido. Estou feliz por poder estar aqui com vocês, me faz sentir que de alguma forma minha vida fez sentido.”

Nelson foi integrante do grupo de teatro de Arena, pioneiro entre os grupos de teatro engajado. Em excursão pelo nordeste, tomou contato com o Movimento de Cultura Popular de Pernambuco (MCP), e nas suas palavras, se apaixonou e decidiu ficar. 

“Era uma coisa incrível. Tinha uma conjuntura favorável, com o governo de Miguel Arraes, mas principalmente, tinha Germano Coelho e Paulo Freire fazendo aquilo acontecer. Então, não era uma proposta assistencialista, e tinha uma complexidade: departamentos de educação, teatro, poesia, música, jornalismo… tudo. Atuávamos de acordo com o pensamento de Paulo Freire, a cultura era um ponto de partida para a conscientização. Nós fazíamos peças curtas, nas praças, para gerar debates sobre as questões daquelas pessoas. Era um momento de muita efervescência, até 1964. As classes, as categorias estavam organizadas, as reformas de base eram uma grande promessa; todo mundo queria mudar o Brasil. Mas aí veio o golpe. E a ditadura representou uma ruptura e a estagnação dessa evolução cultural.”

Na presença de jovens das organizações que participam do Encontro, Xavier afirmou estarmos vivendo um novo período de lutas intensas, com as greves de várias categorias e os movimentos no campo, indígenas, quilombolas; e como há cinquenta anos, com forte presença das artes – da música, do teatro, da poesia. Mas demonstrou-se preocupado com a falta de ação dos governos.

“Essa atividade, reunindo os povos, é um grande passo. Porque é preciso encontrar a contradição principal dos dias de hoje, que unifica a luta, e fazer isso só é possível coletivamente. A unidade é fundamental para a luta.”

 

Título: Camponeses homenageiam teatro militante e recebem apoio emocionado de Nelson Xavier, Conteúdo: Escrito por: Coletivo de Comunicação Encontro unitário Foto: Ruy Sposati A tarde do segundo dia do Encontro Unitário foi fortemente marcada pela apresentação da peça Mutirão em Novo Sol, escrita por Augusto Boal, Nelson Xavier, Hamilton Trevisan, Modesto Carone e Benedito Araújo em 1960. Segundo consta em documentos, a mesma peça foi apresentada no primeiro Congresso Camponês em 1961 em Belo Horizonte, também durante o segundo dia.  Originalmente, a peça tem duração de mais de 60 minutos, mas a brigada Semeadores do Distrito Federal fez uma adaptação de algumas das cenas. A peça conta a história de uma luta concreta de famílias camponesas expulsas das terras de um coronel que, atrelado ao governo e ao poder judiciário, expulsa as famílias e condena um dos líderes do grupo à prisão. A atividade contou com a presença de um dos autores da peça, o diretor e ator Nelson Xavier (70). Em conversa com militantes, ele contou sobre o contexto histórico em que a peça foi criada, suas reflexões acerca das mudanças sociais necessárias nos dias de hoje e o papel que a arte pode cumprir na luta de classes. “Eu estou muito comovido. Estou feliz por poder estar aqui com vocês, me faz sentir que de alguma forma minha vida fez sentido.” Nelson foi integrante do grupo de teatro de Arena, pioneiro entre os grupos de teatro engajado. Em excursão pelo nordeste, tomou contato com o Movimento de Cultura Popular de Pernambuco (MCP), e nas suas palavras, se apaixonou e decidiu ficar.  “Era uma coisa incrível. Tinha uma conjuntura favorável, com o governo de Miguel Arraes, mas principalmente, tinha Germano Coelho e Paulo Freire fazendo aquilo acontecer. Então, não era uma proposta assistencialista, e tinha uma complexidade: departamentos de educação, teatro, poesia, música, jornalismo… tudo. Atuávamos de acordo com o pensamento de Paulo Freire, a cultura era um ponto de partida para a conscientização. Nós fazíamos peças curtas, nas praças, para gerar debates sobre as questões daquelas pessoas. Era um momento de muita efervescência, até 1964. As classes, as categorias estavam organizadas, as reformas de base eram uma grande promessa; todo mundo queria mudar o Brasil. Mas aí veio o golpe. E a ditadura representou uma ruptura e a estagnação dessa evolução cultural.” Na presença de jovens das organizações que participam do Encontro, Xavier afirmou estarmos vivendo um novo período de lutas intensas, com as greves de várias categorias e os movimentos no campo, indígenas, quilombolas; e como há cinquenta anos, com forte presença das artes – da música, do teatro, da poesia. Mas demonstrou-se preocupado com a falta de ação dos governos. “Essa atividade, reunindo os povos, é um grande passo. Porque é preciso encontrar a contradição principal dos dias de hoje, que unifica a luta, e fazer isso só é possível coletivamente. A unidade é fundamental para a luta.”  



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