Agricultores familiares do Sul reivindicam apoio para enfrentar estiagem

A base Contrafiana entregou à ministra da Agricultura pauta emergencial com propostas e reivindicações da categoria para enfrentar a intensa estiagem que tem causado inúmeros prejuízos

Escrito por: Leidiane Souza • Publicado em: 13/01/2022 - 14:08 • Última modificação: 13/01/2022 - 18:46 Escrito por: Leidiane Souza Publicado em: 13/01/2022 - 14:08 Última modificação: 13/01/2022 - 18:46

arquivo pessoal

Na tarde dessa quarta-feira (12), representantes das Fetrafs dos três estados do Sul (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e demais organizações que representam a Agricultura Familiar e Camponesa participaram de audiência com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina.

A ministra chegou ao município de  Chapecó, em Santa Catarina, acompanhada de comitiva, formada por líderes do agronegócio e autoridades políticas, para “ver de perto” a situação da estiagem intensa vivenciada na região Sul. Mas apesar da grande expectativa dos agricultores e agricultoras familiares com a visita, não houve de fato qualquer anúncio de recursos financeiros ou apoio para os produtores.

Ao invés de propostas concretas, a ministra falou apenas em “puxar a orelha de São Pedro pela falta de chuvas”, enquanto técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrapa) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apenas desejaram boa sorte aos agricultores.

Mas apesar do descontentamento com a conclusão do encontro, a base Contrafiana aproveitou a oportunidade para entregar à ministra pauta emergencial com propostas e reivindicações da Agricultura Familiar para enfrentar a intensa estiagem que têm causado prejuízos em toda a região.

Representantes Fetrafs entregam pauta à ministra Tereza CristinaRepresentantes Fetrafs entregam pauta à ministra Tereza Cristina

Entre outros pontos, o documento entregue sugere a criação do Programa de Bolsa Estiagem Emergencial Alimentar, para garantir a subsistência das famílias de agricultores familiares e camponesas que tiveram perdas com a estiagem, Política Emergencial de Garantia de Produção do Leite na Agricultura Familiar e Camponesa e disponibilidade de crédito emergencial na modalidade custeio, investimento e capital de Giro para produção de alimentos, no limite de R$ 20 mil reais por família, juro zero e prazo de 10 anos para pagar. Clique AQUI e confira a íntegra do documento. 

Elizandro Krajczyk, Secretário da Agricultura Familiar, Márcio Madalena, Rui Alberto Valença e Jandir SelzlerElizandro Krajczyk, Secretário da Agricultura Familiar, Márcio Madalena, Rui Alberto Valença e Jandir Selzler

Isso porque a situação é extremamente preocupante. Segundo a Emater, até o dia 7 de janeiro, 195 mil propriedades registravam perdas na agropecuária por conta da estiagem.  No Rio Grande do Sul, já são 140 municípios que se encontram em situação de seca severa, com mais de 140 mil agricultores atingidos e milhares de famílias sem acesso a água de qualidade.

No Paraná, a estimativa é que as perdas nas lavouras de soja chegam a 73%, milho 65% e feijão 60%, sem considerar as perdas das demais culturas destinadas ao abastecimento interno, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral).

Já em Santa Catarina, 87 municípios decretaram situação de emergência e as perdas estimadas superam 50% das principais lavouras e culturas destinadas ao abastecimento e criações. De acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), a região oeste do estado apresentou de 20% a 40% da média histórica de chuvas para o mês de dezembro. E as chuvas dos meses de setembro e outubro não foram suficientes para recuperar os aquíferos, sendo o armazenamento de água no solo insuficiente para manter os mananciais em condições adequadas.

O coordenador da Contraf-Brasil pela região Sul, Rui Alberto Valença explica que a Agricultura Familiar está diante de uma das mais severas secas registradas na história da região Sul do país. “A Agricultura Familiar e camponesa pede socorro. Somos um importante setor estratégico para o desenvolvimento do Brasil que tem sofrido grandes perdas nos últimos três anos”, disse.

O coordenador concluiu explicando que é essencial e urgente um posicionamento do governo federal, uma vez que a estiagem cria uma extensão dos problemas e atinge todas as cadeias produtivas; no ramo leiteiro, na produção de grãos, na fruticultura, hortaliças, aves, suínos, gado de corte, entre outros.

Exemplo disso, o agricultor familiar, Cristian Bizolo tem uma propriedade de 15 hectares na Linha São Roque, interior do município de Seara-SC, onde produz gado de leite junto com a família e pelo menos 10 hectares do terreno são utilizados para as pastagens. E, infelizmente, Cristian é um entre muitos agricultores familiares que tiveram perdas devido à estiagem. “registramos uma perda de 35 a 40% na produção, estamos batalhando para sobreviver”.

Cristian Bizolo contabiliza creca de 40% de perdas na pastagem do gado de leiteCristian Bizolo contabiliza creca de 40% de perdas na pastagem do gado de leite

O coordenador da Fetraf-SC, Jandir Selzler lembra que a crise hídrica vem causando perdas há pelo menos dois anos, “ainda não contabilizamos o prejuízo total em 2021, mas as perdas variam de 50 a 90% da produção das principais culturas, como soja, milho, feijão e leite e seu derivados”, avalia o dirigente.

Já coordenador da Fetraf-RS, Douglas Cenci caracterizou a situação como incomum. “Vivenciamos um cenário extremamente preocupante. Nunca tivemos problemas com a falta de chuvas  no Sul e hoje mais de 10 mil famílias estão sem acesso à água potável, sendo abastecidas por caminhões-pipa. São perdas imensuráveis para todos os agricultores e nas mais diversas culturas, desde a produção de hortaliças até a produção de silagem para alimentação dos animais”, explicou.

Enquanto o coordenador da Fetraf-Paraná, Elizandro Krajczyk concluiu explicando que a dificuldade de produção e venda tem sido outro problema agravado em meio à crise hídrica. “O conjunto dos agricultores e agricultoras familiares dos três estados do Sul vivenciam um drama. Estamos penando por conta da estiagem e, infelizmente, o governo mais uma vez mostrou que não se importa com a Agricultura Familiar. Esperamos que os governos federal e estadual tomem medidas para minimizar os impactos da falta de chuva, para que continuemos a produzir e alimentar a nação brasileira”, afirmou.

“A situação atual mostra como o Brasil é literalmente um país de contrastes e extremos. Enquanto estados do Norte, Nordeste e Sudeste do país sofrem com fortes chuvas e alagamentos, a Região Sul do país vive, pela primeira vez, situação completamente oposta. As intensas mudanças climáticas são um alerta para importância fundamental e urgente de repensarmos a ação humana no meio ambiente. A Agricultura Familiar é um modo de vida que busca alinhar produção a práticas sustentáveis que protejam a natureza. Nós, da Contraf-Brasil, nos solidarizamos a todos agricultores e agricultoras familiares sulistas. Já solicitamos junto aos ministérios da Casa Civil, da Agricultura e da Economia audiências para encontramos soluções para este problema. Seguiremos em luta para garantir apoio neste momento de crise”, conclui a coordenadora geral da Contraf-Brasil/CUT, Josana Lima.

 

 

Título: Agricultores familiares do Sul reivindicam apoio para enfrentar estiagem, Conteúdo: Na tarde dessa quarta-feira (12), representantes das Fetrafs dos três estados do Sul (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e demais organizações que representam a Agricultura Familiar e Camponesa participaram de audiência com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina. A ministra chegou ao município de  Chapecó, em Santa Catarina, acompanhada de comitiva, formada por líderes do agronegócio e autoridades políticas, para “ver de perto” a situação da estiagem intensa vivenciada na região Sul. Mas apesar da grande expectativa dos agricultores e agricultoras familiares com a visita, não houve de fato qualquer anúncio de recursos financeiros ou apoio para os produtores. Ao invés de propostas concretas, a ministra falou apenas em “puxar a orelha de São Pedro pela falta de chuvas”, enquanto técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrapa) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apenas desejaram boa sorte aos agricultores. Mas apesar do descontentamento com a conclusão do encontro, a base Contrafiana aproveitou a oportunidade para entregar à ministra pauta emergencial com propostas e reivindicações da Agricultura Familiar para enfrentar a intensa estiagem que têm causado prejuízos em toda a região. Entre outros pontos, o documento entregue sugere a criação do Programa de Bolsa Estiagem Emergencial Alimentar, para garantir a subsistência das famílias de agricultores familiares e camponesas que tiveram perdas com a estiagem, Política Emergencial de Garantia de Produção do Leite na Agricultura Familiar e Camponesa e disponibilidade de crédito emergencial na modalidade custeio, investimento e capital de Giro para produção de alimentos, no limite de R$ 20 mil reais por família, juro zero e prazo de 10 anos para pagar. Clique AQUI e confira a íntegra do documento.  Isso porque a situação é extremamente preocupante. Segundo a Emater, até o dia 7 de janeiro, 195 mil propriedades registravam perdas na agropecuária por conta da estiagem.  No Rio Grande do Sul, já são 140 municípios que se encontram em situação de seca severa, com mais de 140 mil agricultores atingidos e milhares de famílias sem acesso a água de qualidade. No Paraná, a estimativa é que as perdas nas lavouras de soja chegam a 73%, milho 65% e feijão 60%, sem considerar as perdas das demais culturas destinadas ao abastecimento interno, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral). Já em Santa Catarina, 87 municípios decretaram situação de emergência e as perdas estimadas superam 50% das principais lavouras e culturas destinadas ao abastecimento e criações. De acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), a região oeste do estado apresentou de 20% a 40% da média histórica de chuvas para o mês de dezembro. E as chuvas dos meses de setembro e outubro não foram suficientes para recuperar os aquíferos, sendo o armazenamento de água no solo insuficiente para manter os mananciais em condições adequadas. O coordenador da Contraf-Brasil pela região Sul, Rui Alberto Valença explica que a Agricultura Familiar está diante de uma das mais severas secas registradas na história da região Sul do país. “A Agricultura Familiar e camponesa pede socorro. Somos um importante setor estratégico para o desenvolvimento do Brasil que tem sofrido grandes perdas nos últimos três anos”, disse. O coordenador concluiu explicando que é essencial e urgente um posicionamento do governo federal, uma vez que a estiagem cria uma extensão dos problemas e atinge todas as cadeias produtivas; no ramo leiteiro, na produção de grãos, na fruticultura, hortaliças, aves, suínos, gado de corte, entre outros. Exemplo disso, o agricultor familiar, Cristian Bizolo tem uma propriedade de 15 hectares na Linha São Roque, interior do município de Seara-SC, onde produz gado de leite junto com a família e pelo menos 10 hectares do terreno são utilizados para as pastagens. E, infelizmente, Cristian é um entre muitos agricultores familiares que tiveram perdas devido à estiagem. “registramos uma perda de 35 a 40% na produção, estamos batalhando para sobreviver”. O coordenador da Fetraf-SC, Jandir Selzler lembra que a crise hídrica vem causando perdas há pelo menos dois anos, “ainda não contabilizamos o prejuízo total em 2021, mas as perdas variam de 50 a 90% da produção das principais culturas, como soja, milho, feijão e leite e seu derivados”, avalia o dirigente. Já coordenador da Fetraf-RS, Douglas Cenci caracterizou a situação como incomum. “Vivenciamos um cenário extremamente preocupante. Nunca tivemos problemas com a falta de chuvas  no Sul e hoje mais de 10 mil famílias estão sem acesso à água potável, sendo abastecidas por caminhões-pipa. São perdas imensuráveis para todos os agricultores e nas mais diversas culturas, desde a produção de hortaliças até a produção de silagem para alimentação dos animais”, explicou. Enquanto o coordenador da Fetraf-Paraná, Elizandro Krajczyk concluiu explicando que a dificuldade de produção e venda tem sido outro problema agravado em meio à crise hídrica. “O conjunto dos agricultores e agricultoras familiares dos três estados do Sul vivenciam um drama. Estamos penando por conta da estiagem e, infelizmente, o governo mais uma vez mostrou que não se importa com a Agricultura Familiar. Esperamos que os governos federal e estadual tomem medidas para minimizar os impactos da falta de chuva, para que continuemos a produzir e alimentar a nação brasileira”, afirmou. “A situação atual mostra como o Brasil é literalmente um país de contrastes e extremos. Enquanto estados do Norte, Nordeste e Sudeste do país sofrem com fortes chuvas e alagamentos, a Região Sul do país vive, pela primeira vez, situação completamente oposta. As intensas mudanças climáticas são um alerta para importância fundamental e urgente de repensarmos a ação humana no meio ambiente. A Agricultura Familiar é um modo de vida que busca alinhar produção a práticas sustentáveis que protejam a natureza. Nós, da Contraf-Brasil, nos solidarizamos a todos agricultores e agricultoras familiares sulistas. Já solicitamos junto aos ministérios da Casa Civil, da Agricultura e da Economia audiências para encontramos soluções para este problema. Seguiremos em luta para garantir apoio neste momento de crise”, conclui a coordenadora geral da Contraf-Brasil/CUT, Josana Lima.    



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