Nota Oficial FETRAF-BRASIL
Entidade expressa inconformação com a atitude da embaixada brasileira no Reino Unido em resolver ignorar a contribuição da agricultura familiar para o desenvolvimento sustentável
Escrito por: FETRAF • Publicado em: 30/03/2012 - 00:00 Escrito por: FETRAF Publicado em: 30/03/2012 - 00:00Nota Oficial: A Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil (FETRAF-BRASIL) vem, por meio desta nota oficial, expressar sua inconformação com a atitude da embaixada brasileira no Reino Unido em resolver ignorar a contribuição da agricultura familiar para o desenvolvimento sustentável.
Sim, é exatamente essa a palavra a ser utilizada: ignorar, quando em um evento que abordou os “Desafios e Inovações no contexto do aumento da demanda por alimentos, com foco no Brasil”, na Cúpula da Agricultura Sustentável, em Londres, na quinta-feira (29), a representação do setor que mais contribui para a degradação ambiental no país é que irá discorrer sobre sustentabilidade.
Na atual conjuntura, em que a discussão no mundo se dá acerca da necessidade de empreender a preservação ambiental para garantir a existência do planeta e conseqüentemente das futuras gerações; de adotar medidas que minimizem o aquecimento global e os efeitos das mudanças climáticas; da importância da produção de alimentos saudáveis sem o uso de agrotóxicos, a agricultura familiar não é apenas um contraponto ao agronegócio, ela é alicerçada em princípios que estabelecem uma relação harmoniosa do homem com o meio ambiente, para que ele possa retirar o sustento da terra sem que para isso, tenha que acabar com os recursos naturais.
A agricultura familiar no Brasil, com a contribuição dos movimentos sociais representativos dos trabalhadores do campo em conjunto com o governo Federal é que tem tornado o país referência no combate à fome e á miséria, à exclusão social e, na produção de alimentos.
Enquanto o agronegócio se baseia na produção de monocultura e é fundamentado no latifúndio, no trabalho degradante, devastação ambiental, no uso indiscriminado de agrotóxicos, a população paga com o bolso e a própria saúde pela ganância dos que controlam o setor.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam o Brasil como o principal destino de agrotóxicos proibidos no exterior. Pelo menos dez variedades vendidas livremente aos agricultores aqui não circulam na União Europeia e Estados Unidos.
E qual o tipo de produção utiliza veneno para vender produtos em larga escala? Qual o tipo de agricultura possui recursos e investimentos o suficiente do governo federal para exportar produtos com agrotóxicos para o mundo? Uma dica: as lavouras que concentram as maiores vendas de agrotóxicos no Brasil são a de soja com 44%, seguida pelo algodão com 11%. Será que é possível adivinhar qual setor é o responsável?
Em Londres, Kátia Abreu, senadora e presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), fará a avaliação do Projeto Biomas, desenvolvido pela entidade em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e que conta com o financiamento de empresas como a Monsanto – a maior produtora de herbicida e criadora do agrotóxico responsável pelo desenvolvimento de um dos pesticidas mais letais que está matando células do rim humano, segundo pesquisa de cientistas liderados por Gilles-Eric Séralini, da Universidade de Caen, na França.
A favor da vida, do meio ambiente, da igualdade de gêneros e oportunidades para os trabalhadores e moradores do campo está a agricultura familiar. Responsável por 70% dos alimentos que a população consome, ativa na luta por um pedaço de terra para sobreviver e produzir alimentos, de um modelo de desenvolvimento sustentável, não apenas no discurso, mas na prática.
FETRAF-BRASIL