No Pará, movimentos denunciam perseguição e ameaças de morte: "Vai dar chacina"

Entidades ligadas à defesa da floresta amazônica foram foram ouvidos em debate público nesta quinta (17), em Marabá (PA)

Escrito por: Catarina Barbosa / Brasil de Fato • Publicado em: 18/10/2019 - 18:51 • Última modificação: 20/10/2019 - 18:15 Escrito por: Catarina Barbosa / Brasil de Fato Publicado em: 18/10/2019 - 18:51 Última modificação: 20/10/2019 - 18:15

Foto: Catarina Barbosa Debate fez parte de um ato nacional para debater questões que envolvem a preservação da Amazônia

O município de Marabá, no sudeste do Pará, recebeu nesta quinta-feira (17), um ato nacional com uma vasta programação voltada para debater questões que envolvem a preservação da floresta amazônica. No período da tarde, uma mesa foi composta para ouvir principalmente as pessoas impactadas com a destruição da região. 

Representantes de várias entidades como o Movimentos dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), o Movimento dos atingidos por barragens (MAM), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outros todos ligados à defesa dos trabalhadores e dos povos amazônicas falaram não apenas sobre o momento da atual conjuntura política como também cobraram ações efetivas das entidades políticas presentes.

O debate “O que está por trás dos ataques à Amazônia e quais os desafios da floresta, dos rios, da cultura e dos territórios de seus povos” integrou a programação do Fórum de defesa do meio ambiente e dos povos da Amazônia.

Perseguição

Para Viviane Oliveira, da Federação dos Trabalhadores na agricultura do estado do Pará (Fetraf), a situação real do Pará é mais alarmante do que revelam os noticiários, e dar voz aos trabalhadores é fundamental.

“Nós temos que falar, vocês têm que nos ouvir e saber o que está acontecendo no Pará. Aqui no Pará não está acontecendo só isso não, está muito pior. Eu represento a agricultura familiar e meu povo está aqui, trabalhadores, camponeses, nossos companheiros do MST. São todos trabalhadores da área da reforma agrária, que estão sofrendo perseguição. O Bolsonaro desceu aqui com o Mourão, lá na curva do S, e disse para nos prepararmos que ele ia ser eleito e ia acabar com a gente aqui no estado do Pará. E ele está fazendo isso”, relatou. 

De acordo com Oliveira, como parte da tática de perseguição, há 13 despejos já programados até o final de 2019, que caso não sejam solucionados pelo poder público resultarão em mais derramamento de sangue de pessoas inocentes.

“Até o final do ano vai dar chacina. Vai dar chacina aqui no Estado do Pará como está dando direto”, alerta. 

O caso do professor Evandro Medeiros da Universidade do Sul e Sudeste do Pará (Unifespa), que está sendo processado criminalmente pela Vale e será julgado no próximo dia 22 de outubro também foi abordado.

Para Tito Moura, da direção estadual do MST Pará, a região é alvo de uma série de ataques e a única solução possível é lutar, principalmente para o povo que vive nos acampamentos. Dentre os alvos de despejos, ele deu destaque para o Acampamento Dalcídio Jurandir, cuja retirada de 212 famílias está marcada para o dia 5 de novembro.

“O fantasma [do despejo] está rondando esses acampamentos. É preciso defendermos o acampamento dos sem-terra. É preciso ir para a luta pra defender os quilombolas. É preciso defender os indígenas, defender os ribeirinhos. É preciso defender as mulheres. É preciso defender a Amazônia e o povo da Amazônia", assinala.

O evento terminou pela noite com uma programação cultural de artistas regionais, o pronunciamento de algumas autoridades e a leitura da Carta de Marabá, documento que será entregue ao Papa Francisco, durante o Sínodo da Amazônia, em Roma.

Ademir Martins, da coordenação do Fórum municipal do evento e presidente em exercício do PT de Marabá destaca que a construção da carta foi conjunta e envolveu todos os participantes do evento.

“A carta de Marabá que é uma carta que  simboliza essa resultado que é esse grande encontro de hoje, onde a gente fala para o Brasil e para o mundo sobre a situação da Amazônia. A questão do desmatamento, das queimadas, a questão da perseguição do próprio governo federal com as suas políticas contra os indígenas do Brasil demarcação de terras e mineração em terra indígenas, a questão dos trabalhadores sem terra, da agricultura familiar”, afirma.

Edição: Rodrigo Chagas

Carta de Marabá - para acessar em PDF clique AQUI

Título: No Pará, movimentos denunciam perseguição e ameaças de morte: "Vai dar chacina", Conteúdo: O município de Marabá, no sudeste do Pará, recebeu nesta quinta-feira (17), um ato nacional com uma vasta programação voltada para debater questões que envolvem a preservação da floresta amazônica. No período da tarde, uma mesa foi composta para ouvir principalmente as pessoas impactadas com a destruição da região.  Representantes de várias entidades como o Movimentos dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), o Movimento dos atingidos por barragens (MAM), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outros todos ligados à defesa dos trabalhadores e dos povos amazônicas falaram não apenas sobre o momento da atual conjuntura política como também cobraram ações efetivas das entidades políticas presentes. O debate “O que está por trás dos ataques à Amazônia e quais os desafios da floresta, dos rios, da cultura e dos territórios de seus povos” integrou a programação do Fórum de defesa do meio ambiente e dos povos da Amazônia. Perseguição Para Viviane Oliveira, da Federação dos Trabalhadores na agricultura do estado do Pará (Fetraf), a situação real do Pará é mais alarmante do que revelam os noticiários, e dar voz aos trabalhadores é fundamental. “Nós temos que falar, vocês têm que nos ouvir e saber o que está acontecendo no Pará. Aqui no Pará não está acontecendo só isso não, está muito pior. Eu represento a agricultura familiar e meu povo está aqui, trabalhadores, camponeses, nossos companheiros do MST. São todos trabalhadores da área da reforma agrária, que estão sofrendo perseguição. O Bolsonaro desceu aqui com o Mourão, lá na curva do S, e disse para nos prepararmos que ele ia ser eleito e ia acabar com a gente aqui no estado do Pará. E ele está fazendo isso”, relatou.  De acordo com Oliveira, como parte da tática de perseguição, há 13 despejos já programados até o final de 2019, que caso não sejam solucionados pelo poder público resultarão em mais derramamento de sangue de pessoas inocentes. “Até o final do ano vai dar chacina. Vai dar chacina aqui no Estado do Pará como está dando direto”, alerta.  O caso do professor Evandro Medeiros da Universidade do Sul e Sudeste do Pará (Unifespa), que está sendo processado criminalmente pela Vale e será julgado no próximo dia 22 de outubro também foi abordado. Para Tito Moura, da direção estadual do MST Pará, a região é alvo de uma série de ataques e a única solução possível é lutar, principalmente para o povo que vive nos acampamentos. Dentre os alvos de despejos, ele deu destaque para o Acampamento Dalcídio Jurandir, cuja retirada de 212 famílias está marcada para o dia 5 de novembro. “O fantasma [do despejo] está rondando esses acampamentos. É preciso defendermos o acampamento dos sem-terra. É preciso ir para a luta pra defender os quilombolas. É preciso defender os indígenas, defender os ribeirinhos. É preciso defender as mulheres. É preciso defender a Amazônia e o povo da Amazônia, assinala. O evento terminou pela noite com uma programação cultural de artistas regionais, o pronunciamento de algumas autoridades e a leitura da Carta de Marabá, documento que será entregue ao Papa Francisco, durante o Sínodo da Amazônia, em Roma. Ademir Martins, da coordenação do Fórum municipal do evento e presidente em exercício do PT de Marabá destaca que a construção da carta foi conjunta e envolveu todos os participantes do evento. “A carta de Marabá que é uma carta que  simboliza essa resultado que é esse grande encontro de hoje, onde a gente fala para o Brasil e para o mundo sobre a situação da Amazônia. A questão do desmatamento, das queimadas, a questão da perseguição do próprio governo federal com as suas políticas contra os indígenas do Brasil demarcação de terras e mineração em terra indígenas, a questão dos trabalhadores sem terra, da agricultura familiar”, afirma. Edição: Rodrigo Chagas Carta de Marabá - para acessar em PDF clique AQUI



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