Mobilizar sim, lesar não!
Diante da atual conjuntura em nosso estado e país, somos todos convocados a refletir sobre o papel que cada um tem na sociedade. Seja para reivindicar direitos como para respeitar deveres.
Escrito por: FETRAF/SUL • Publicado em: 28/02/2015 - 18:31 Escrito por: FETRAF/SUL Publicado em: 28/02/2015 - 18:31
Estamos acompanhando a paralisação no nosso Estado, enquanto entidades de representação de uma categoria produtiva e econômica da classe trabalhadora na Agricultura Familiar. Parabenizamos a iniciativa dos trabalhadores na luta por melhores condições de trabalho, renda, dignidade, respeito e valorização dos direitos da categoria. A greve é justa! Isso demonstra a necessidade de avançar ainda mais nestas conquistas e certamente, sem luta não se alcança!
Muitos são os métodos de diálogo e comprometimento da sociedade em geral para com a mobilização e a pauta da reivindicação, buscando sensibilizar as autoridades e governos no atendimento e soluções dos pontos solicitados.
Mesmo antes de definir o método é preciso ter claro a pauta que se pede. E nestes dois aspectos, observamos fragilidade na coordenação do movimento. Isto por que, nos representa enquanto sociedade, uma pauta superficial, não dialogando com pontos estruturantes no ramo dos transportes. Não há uma coordenação unificada que conduza o processo de negociação, especialmente na esfera federal. Somente depois de três dias de paralisação e demais regiões discutirem uma pré-pauta é que ela será unificada. É muito tempo! E isso não é responsabilidade das autoridades e sim do movimento. Quando se assuma uma ação, proporcionalmente se somam responsabilidades e ônus.
Se não bastassem os baixos preços praticados nos produtos agrícolas, conviveríamos agora com prejuízos devido ao não escoamento da produção nas propriedades. Infelizmente quem está amargando com os danos desta paralisação são os agricultores em pleno período de colheitas. Quando se trata da produção de leite a situação é muito mais grave. O setor que já vinha passando por uma crise de atraso de pagamentos e queda no preço, agora padece com a paralisação onde não há coleta da produção nas propriedades. São aproximadamente três milhões de litros de leite que estão sendo jogados fora diariamente.
Outras cadeias produtivas como a de aves e suínos também estão sendo prejudicadas, pois a ração para os animais não está sendo distribuída, o que ocasionaráe specialmente em relação às aves dentro de poucas horas, a morte de milhares delas, gerando um problema de ordem sanitária sem precedência. Mais de um milhão de aves estão deixando de ser abatidas por dia.
Nesse sentido se desestabiliza a economia local dos municípios e a corrente arrebenta no elo mais fraco: os agricultores.
As empresas quando não tem mais condições de escoar os produtos, simplesmente não recebem mais matéria-prima. E os agricultores o que fazem com essa matéria-prima? Quem irá ressarcir esse dano?
As entidades e as organizações da agricultura familiar da Região Sudoeste do Paraná solidarizam-se à pauta compreendendo a legitimidade do movimento, acompanhando as mobilizações e aguardando uma posição do Governo Federal. Estamos em contato com os parlamentares e outras organizações, pressionando o Governo para buscar uma solução imediata, exigindo agilidade no atendimento a pauta de reivindicação.
Nós, agricultores familiares, estamos construindo uma pauta unificada entre as várias organizações, articulando um processo de mobilização que acontecerá de 09 a 13 de março de 2015, em Brasília- DF, com audiências em vários ministérios e presidência da República. Durante este período, no dia 11 de março, faremos atos públicos regionais para dialogar com a sociedade sobre nossa pauta. E, neste momento, desejamos contar com o apoio e a compreensão de todos, em especial dos companheiros trabalhadores dos transportes.
É assim que se faz a luta. É assim que se faz organização de classe. Se o campo não planta, a cidade não janta!
A economia local dos municípios é sustentada pela agropecuária. Sejamos solidários com os agricultores.