Encontro formula estratégias para a permanência da juventude na agricultura familiar

O Encontro sobre a Juventude, que aconteceu em Irati neste sábado (27), reuniu mais de 600 pessoas no campus da Unicentro.

Escrito por: ATER Diversificação / FETRAF PR • Publicado em: 29/05/2017 - 14:00 Escrito por: ATER Diversificação / FETRAF PR Publicado em: 29/05/2017 - 14:00
O Encontro sobre a Juventude, que aconteceu em Irati neste sábado (27), reuniu mais de 600 pessoas no campus da Unicentro, interessadas em debater e formular propostas para a sucessão na propriedade rural, a permanência da juventude na agricultura familiar e as estratégias de diversificação e geração de renda no meio rural. Este é o primeiro encontro da juventude da agricultura familiar dos municípios da região Centro Sul do Paraná. Entre seus objetivos estão ainda a troca de experiências, a divulgação das iniciativas dos grupos e coletivos de juventude da região, além da motivação para o trabalho comunitário e o desenvolvimento de ações de melhoria da realidade local.
 
Durante os trabalhos, diversas lideranças, representantes de institu????ições parceiras do projeto ATER Diversificação, compuseram a mesa de abertura e manifestaram defesas ao protagonismo da juventude da agricultura familiar. O coordenador geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Contraf Brasil), Marcos Rochinski, falou da importância da organização da juventude para a ocupação de espaços de participação e no aproveitamento de oportunidades. Ele foi presidente do sindicato de trabalhadores rurais (STR) do município de Palmeira aos 19 anos.
 
 
“Temos de ter a consciência de que esses espaços e oportunidades não vêm na vida da gente de forma individual. A gente não conquista nada sozinho. Sem a perspectiva coletiva de organização, não se avança”, disse. O coordenador da Contraf também destacou o protagonismo de gerações anteriores, hoje pais e avós dos jovens que participam do encontro, tanto na luta de resistência democrática, quanto na conquista de direitos, políticas públicas e na valorização da agricultura familiar como categoria profissional. “A juventude atual tem diante de si um desafio, que é discutir e construir alternativas para o País e para o acesso da população pobre a políticas inclusivas. Não deve aceitar retrocessos e nem a retiradas de direitos arduamente conquistados”, concluiu Rochinski.
 
A jovem Kauane Pionoski, do Coletivo de Juventude de São João do Triunfo, criticou o senso comum que atribui à juventude apenas a responsabilidade com o futuro da sociedade. “Não somos o futuro. Estamos aqui, vivemos o tempo presente. Acreditem no poder da juventude”, argumentou. “Somos aquele broto que resiste à geada”, disse Kauane, citando a frase de outro integrante do coletivo, que virou símbolo de auto estima. O coletivo de jovens de São João do Triunfo está organizados há apenas três anos.
 
Permanência
Em torno de 25% da população dos municípios da região Centro Sul do Paraná é formada por jovens. Para o coordenador técnico do Departamento de Estudos Sócioeconomicos Rurais (Deser), Amadeu Bonato, esse indicador é positivo, diante da realidade em outras regiões do país e motiva a realização de encontros que incentivem a permanência da juventude na agricultura familiar. “Mostra que os jovens querem continuar vivendo no interior e querem participar ativamente da tomada de decisões para melhoria da comunidade”, comentou Bonato. “Mas se temos como foco apoiar essa permanência, é preciso que, além dos grandes temas apontados neste seminário, agreguem-se outros, como o da valorização da juventude e da autonomia. Políticas públicas nas áreas da educação e da assistência técnica são igualmente necessárias para valorizar a juventude da agricultura familiar e desenvolver alternativas viáveis”, completou.
 
Anderson Ruviski, de Guamirim, é um exemplo de jovem que migrou para a cidade grande a fim de estudar e voltou recentemente, decepcionado com as dificuldades, o ritmo e os valores do modo de vida urbano. “Saí e voltei, confiante de que quero viver e continuar trabalhando no campo”. A garantia de renda, de assistência técnica para diversificação das lavouras e a geração de oportunidades para que os jovens se mantenham no meio rural em condições dignas são alguns dos desafios que ele aponta para evitar o êxodo da população do campo.
 
A iniciativa das Casas Familiares Rurais também foi apontada como uma das estratégias, na área da educação, para fixar os jovens no interior, mais preparados e estimulados a continuar vivendo e trabalhando na agricultura familiar. Em Cruz Machado, município do Sul do Estado, em torno de 75% dos jovens que se formaram na Casa Familiar Rural, pela pedagogia da alternância, continuam na agricultura familiar.
 
Durante a tarde, os trabalhos continuaram em 20 oficinas com experiências de alternativas de produção, desenvolvidas por instituições e coletivos nos seus municípios: ovos coloniais em transição agroecológica (Guamiranga), processamento da erva mate orgânica e sombreada (São João do Triunfo), A Fruta, associativismo, cooperativismo e trabalho em feira (União da Vitória), ranicultura (Teixeira Soares), produção de carneiro a pasto (Palmeira), corte e costura (Rio Azul), produção de feijão com baixo custo e uso de práticas agroecológicas (Ivaí) e plantas medicinais e bioenergia (Irati).
 
As oficinais também apresentam iniciativas de agroindustrialização de sucos e geleias de uva orgânicos (São Mateus do Sul), atividade não agrícola, como salão de beleza (Rio Azul), o conhecimento das benzedeiras (Unicentro), a produção e beneficiamento do mel (Irati), feira agroecológica (Unicentro), produção de ovinos e olerícolas para entrega governamental (Rio Azul), estufa de bambu para diversificação (Rebouças), produção de leite a pasto (Prudentópolis), certificação agroecológica (Ecovida) e educação do campo e agroecologia (Unicentro).
 
Ao final do encontro os grupos sairam com a missão de formular um documento com os resultados da atividade. “A expectativa nossa é de que este seja um documento de animação com alguns indicativos e apontamentos para a solução de questões internas dos sindicatos, associações, escolas e universidades. No sentido de dar forças para que a juventude queira ficar na agricultura familiar e queira participar das transformações nas suas comunidades”, finalizou o coordenador técnico do Deser, Amadeu Bonato.
 
ENCONTRO SOBRE A JUVENTUDE “Juventude: Sucessão, permanência e estratégias de diversificação e geração de renda no meio rural.” 
Data: 27 de maio de 2017 (sábado) | Das 8h às 16h30 Local: Unicentro – Campus de Irati/PR 
Público aproximado: 600 pessoas 
Organização: Projeto de ATER Diversificação Entidades parceiras/apoiadoras: Instituto de Cooperação da Agricultura Familiar de Santa Catarina (ICAF), Departamento de Estudos Sócio Econômicos Rurais (Deser), Centro de Estudos, Assessoria e Serviços para o Desenvolvimento Sustentável e Solidário (Ceasol), Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-PR), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR), Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro) – Campus de Irati e Coletivo da Juventude de São João do Triunfo.
Título: Encontro formula estratégias para a permanência da juventude na agricultura familiar, Conteúdo: O Encontro sobre a Juventude, que aconteceu em Irati neste sábado (27), reuniu mais de 600 pessoas no campus da Unicentro, interessadas em debater e formular propostas para a sucessão na propriedade rural, a permanência da juventude na agricultura familiar e as estratégias de diversificação e geração de renda no meio rural. Este é o primeiro encontro da juventude da agricultura familiar dos municípios da região Centro Sul do Paraná. Entre seus objetivos estão ainda a troca de experiências, a divulgação das iniciativas dos grupos e coletivos de juventude da região, além da motivação para o trabalho comunitário e o desenvolvimento de ações de melhoria da realidade local.   Durante os trabalhos, diversas lideranças, representantes de institu????ições parceiras do projeto ATER Diversificação, compuseram a mesa de abertura e manifestaram defesas ao protagonismo da juventude da agricultura familiar. O coordenador geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Contraf Brasil), Marcos Rochinski, falou da importância da organização da juventude para a ocupação de espaços de participação e no aproveitamento de oportunidades. Ele foi presidente do sindicato de trabalhadores rurais (STR) do município de Palmeira aos 19 anos.     “Temos de ter a consciência de que esses espaços e oportunidades não vêm na vida da gente de forma individual. A gente não conquista nada sozinho. Sem a perspectiva coletiva de organização, não se avança”, disse. O coordenador da Contraf também destacou o protagonismo de gerações anteriores, hoje pais e avós dos jovens que participam do encontro, tanto na luta de resistência democrática, quanto na conquista de direitos, políticas públicas e na valorização da agricultura familiar como categoria profissional. “A juventude atual tem diante de si um desafio, que é discutir e construir alternativas para o País e para o acesso da população pobre a políticas inclusivas. Não deve aceitar retrocessos e nem a retiradas de direitos arduamente conquistados”, concluiu Rochinski.   A jovem Kauane Pionoski, do Coletivo de Juventude de São João do Triunfo, criticou o senso comum que atribui à juventude apenas a responsabilidade com o futuro da sociedade. “Não somos o futuro. Estamos aqui, vivemos o tempo presente. Acreditem no poder da juventude”, argumentou. “Somos aquele broto que resiste à geada”, disse Kauane, citando a frase de outro integrante do coletivo, que virou símbolo de auto estima. O coletivo de jovens de São João do Triunfo está organizados há apenas três anos.   Permanência Em torno de 25% da população dos municípios da região Centro Sul do Paraná é formada por jovens. Para o coordenador técnico do Departamento de Estudos Sócioeconomicos Rurais (Deser), Amadeu Bonato, esse indicador é positivo, diante da realidade em outras regiões do país e motiva a realização de encontros que incentivem a permanência da juventude na agricultura familiar. “Mostra que os jovens querem continuar vivendo no interior e querem participar ativamente da tomada de decisões para melhoria da comunidade”, comentou Bonato. “Mas se temos como foco apoiar essa permanência, é preciso que, além dos grandes temas apontados neste seminário, agreguem-se outros, como o da valorização da juventude e da autonomia. Políticas públicas nas áreas da educação e da assistência técnica são igualmente necessárias para valorizar a juventude da agricultura familiar e desenvolver alternativas viáveis”, completou.   Anderson Ruviski, de Guamirim, é um exemplo de jovem que migrou para a cidade grande a fim de estudar e voltou recentemente, decepcionado com as dificuldades, o ritmo e os valores do modo de vida urbano. “Saí e voltei, confiante de que quero viver e continuar trabalhando no campo”. A garantia de renda, de assistência técnica para diversificação das lavouras e a geração de oportunidades para que os jovens se mantenham no meio rural em condições dignas são alguns dos desafios que ele aponta para evitar o êxodo da população do campo.   A iniciativa das Casas Familiares Rurais também foi apontada como uma das estratégias, na área da educação, para fixar os jovens no interior, mais preparados e estimulados a continuar vivendo e trabalhando na agricultura familiar. Em Cruz Machado, município do Sul do Estado, em torno de 75% dos jovens que se formaram na Casa Familiar Rural, pela pedagogia da alternância, continuam na agricultura familiar.   Durante a tarde, os trabalhos continuaram em 20 oficinas com experiências de alternativas de produção, desenvolvidas por instituições e coletivos nos seus municípios: ovos coloniais em transição agroecológica (Guamiranga), processamento da erva mate orgânica e sombreada (São João do Triunfo), A Fruta, associativismo, cooperativismo e trabalho em feira (União da Vitória), ranicultura (Teixeira Soares), produção de carneiro a pasto (Palmeira), corte e costura (Rio Azul), produção de feijão com baixo custo e uso de práticas agroecológicas (Ivaí) e plantas medicinais e bioenergia (Irati).   As oficinais também apresentam iniciativas de agroindustrialização de sucos e geleias de uva orgânicos (São Mateus do Sul), atividade não agrícola, como salão de beleza (Rio Azul), o conhecimento das benzedeiras (Unicentro), a produção e beneficiamento do mel (Irati), feira agroecológica (Unicentro), produção de ovinos e olerícolas para entrega governamental (Rio Azul), estufa de bambu para diversificação (Rebouças), produção de leite a pasto (Prudentópolis), certificação agroecológica (Ecovida) e educação do campo e agroecologia (Unicentro).   Ao final do encontro os grupos sairam com a missão de formular um documento com os resultados da atividade. “A expectativa nossa é de que este seja um documento de animação com alguns indicativos e apontamentos para a solução de questões internas dos sindicatos, associações, escolas e universidades. No sentido de dar forças para que a juventude queira ficar na agricultura familiar e queira participar das transformações nas suas comunidades”, finalizou o coordenador técnico do Deser, Amadeu Bonato.   ENCONTRO SOBRE A JUVENTUDE “Juventude: Sucessão, permanência e estratégias de diversificação e geração de renda no meio rural.”  Data: 27 de maio de 2017 (sábado) | Das 8h às 16h30 Local: Unicentro – Campus de Irati/PR  Público aproximado: 600 pessoas  Organização: Projeto de ATER Diversificação Entidades parceiras/apoiadoras: Instituto de Cooperação da Agricultura Familiar de Santa Catarina (ICAF), Departamento de Estudos Sócio Econômicos Rurais (Deser), Centro de Estudos, Assessoria e Serviços para o Desenvolvimento Sustentável e Solidário (Ceasol), Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-PR), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR), Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro) – Campus de Irati e Coletivo da Juventude de São João do Triunfo.



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