Encontro do Macrossetor Rural chega ao fim depois de três dias de debates
Aconteceu na sede da Contag em Brasília, entre os dias 15 e 17 de abril, o Encontro do Macrossetor Rural realizado pela Central única dos Trabalhadores (CUT).
Escrito por: CUT • Publicado em: 17/04/2015 - 20:17 Escrito por: CUT Publicado em: 17/04/2015 - 20:17
Aconteceu na sede da Contag em Brasília, entre os dias 15 e 17 de abril, o Encontro do Macrossetor Rural realizado pela Central única dos Trabalhadores (CUT). A atividade reuniu a Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e a Federação Nacional de Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), dois fortes movimentos sociais do campo que debateram sobre propostas e ações estratégicas para o meio rural. Além disso, destacarem o importante papel da agricultura familiar para o desenvolvimento sustentável do país e a possível interação do Macrossetor Rural com outros Macrossetores. Foram dias de debates, onde 128 lideranças do campo de 23 estados diferentes partciparam das discussões.
Elisangela Araújo, diretora da CUT nacional e também dirigente da FETRAF, mencionou a importância da realização desse encontro. “Considero um momento histórico no processo de organização dos rurais. Ao longo de dois anos, viemos dialogando com a CUT a possibilidade de reunir o povo da Contag e da FETRAF para juntos dialogarmos sobre as politicas para o setor, fazer um balanço de como está nossa situação e nossos avanços em políticas públicas para o desenvolvimento rural. É uma oportunidade rica de construções de debates. Sairemos daqui com um conjunto de ações para a CUT ter condições de assumir as bandeiras e os desafios do macrossetor rural. Um marco, no que diz respeito ao fortalecimento da luta das classes trabalhadoras e principalmente os trabalhadores do campo”. Os representantes da Fetraf e da Contag miraram em suas intervenções o papel do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). O Coordenador financeiro da FETRAF/BRASIL, Lázaro Bento disse que a escolha de Patrus Ananias para o ministério é um bom sinal, mas é preciso sinalizar qual será a linha que será adotada. “Já se passaram quatro meses em 2015 e não sabemos ainda o que o MDA fará. Precisamos sim rever a organização e atuação do movimento, mas só isso não basta, precisamos ampliar as politicas públicas.”estados diferentes participaram das discussões.
Representante da Contag, William Clementino concorda com a visão e afirma que o investimento deve focar também o produto final da produção familiar. “Queremos mais, só programas de compra e políticas públicas não dá conta da nossa produção”, definiu.
O economista Márcio Pochmann mencionou o ex-presidente Juscelino Kubstichek em seu diálogo para dizer qual caminho considera o mais arriscado, mas também o com maior probabilidade de salvar o governo da crise e avançar em reformas populares.Do lado de cá, disse Pochmann, o movimento sindical não pode titubear sobre seu papel de cobrar o governo ainda que tenha base popular. “O movimento social tem de estar à esquerda do partido e do governo. Sua tarefa é a representação dos interesses dos trabalhadores, porque se vocês não fizerem essa luta, outros farão e vocês sobrarão”, alertou.
A missão, porém, não deve ser fácil. Para ele, as organizações sindicais vivem um momento de crise com a ausência de líderes, e de um olhar de longo prazo.
“A liderança não é quem tem cargo, mas quem tem capacidade de conduzir. Os governos passam, as diretorias passam, mas devemos questionar como vamos dar continuidade à ideologia”, disse.
Pochmann acredita que o governo será de resistência e deverá escolher entre ficar na defensiva ou correr o risco de dar um salto de desenvolvimento. “Temos espaço para mudar quadro que está aí, mas exige reação. Chegamos ao ponto ótimo da crise, em que há oportunidade de fazer tudo o que quiseram aqueles que nos antecederam”, avaliou.
Unidade, luta conjunta, fortalecimento da articulação. Em três dias de Encontro do Macrossetor Rural da CUT, esses termos foram repetidos como um mantra para indicar qual o grande desafio a ser superado pelos trabalhadores do campo na defesa de um projeto de desenvolvimento em que o campo seja lugar de vida e não apenas de produção.
O encontro terminou nesta-sexta (17), com a definição da coordenação do macrossetor, que será formado pelo secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, e pelos dirigentes da Central ligados ao ramo: Carmen Foro (vice-presidente), Rosane Bertotti (secretária de Comunicação), Jasseir Fernandes (meio-ambiente) e Elisângela Araújo (diretora executiva).
A Fetraf e os cutistas da Contag indicarão ainda dois nomes para compor o conselho. Para as organizações que foram a base desse encontro, o fortalecimento da unidade entre Contag e Fetraf tem como elo principal a CUT. “Os fatos mostram que não podemos atuar separadamente. No processo de discussão do PL 4330, por exemplo, o que mais exploraram foi a divisão da classe trabalhadora, ter lá uma central (Força Sindical) que se diz representante da classe trabalhadora a favor. Nós como cutistas precisamos politizar os trabalhadores que estão sendo levados para outros caminhos e para isso devemos crescer não só em sindicatos filiados, mas também em trabalhadores”, disse a secretária de Mulheres da Contag, Alessandra Luna. A mesma visão tem o coordenador-geral da Fetraf, Marcos Rochinski. “Acho que para não nos perdermos no processo, precisamos ter como referência a Central Única dos Trabalhadores, lembrar que aquilo que nos unifica são os princípios da CUT. Esse debate precisa continuar".