Contraf-Brasil debate organização da produção e reforça cooperativismo como base para garantir alimentos saudáveis no campo

Escrito por: Letícia Lima • Publicado em: 25/11/2025 - 16:50 Escrito por: Letícia Lima Publicado em: 25/11/2025 - 16:50

Contraf Brasil Arquivo Pessoal

O ciclo de debates da Contraf-Brasil seguiu, no dia vinte e três de outubro, com uma reflexão aprofundada sobre os desafios da produção de alimentos saudáveis e o papel estratégico do cooperativismo para fortalecer a agricultura familiar em todo o país. O encontro mostrou que, apesar da variedade e da força produtiva presente nos assentamentos e comunidades rurais, ainda existe um grande descompasso entre o que é produzido e o que de fato consegue chegar aos mercados, especialmente aos programas públicos como PAA e PNAE, essenciais para garantir renda e estabilidade às famílias.

 

A discussão evidenciou que o principal gargalo não está apenas no plantio, mas na capacidade de organizar a produção de forma contínua e garantir uma estrutura de comercialização que funcione para todas as regiões. Lázaro destacou que a falta de organização nacional limita o avanço do setor e mantém desigualdades profundas entre estados. “O processo de organizar a produção de uma forma contínua e ter um processo de comercialização que dê conta de atender os agricultores familiares ainda é um grande desafio”, afirmou, lembrando que muitas regiões sequer conseguem inserir seus produtos nas políticas públicas mais consolidadas. 

 

O debate também apontou que as experiências bem-sucedidas de organização produtiva e comercialização já existentes no país mostram caminhos viáveis mas ainda pouco integrados. Em estados do Nordeste, por exemplo, a dificuldade de logística, de acesso ao crédito e de operacionalização do cooperativismo impede que os agricultores avancem na mesma velocidade de regiões como o Sul. Em comum, as lideranças reforçaram que nenhuma região conseguirá se desenvolver de forma sustentável sem assistência técnica contínua, mecanização acessível e investimentos estruturantes em estradas e armazenamento.

 

Júnior ampliou a discussão ao relacionar a produção de alimentos saudáveis à permanência das famílias no território, ao cuidado ambiental e à justiça econômica. Para ele, “queremos chegar à questão do mercado justo o preço justo pelo trabalho diário, como resultado do alimento saudável produzido pelos agricultores e agricultoras”, defendendo que o cooperativismo é o caminho mais sólido para superar o isolamento produtivo e acessar mercados diferenciados. 

 

Outro ponto que gerou consenso foi a necessidade de revisar o modelo de cooperativas existente hoje, considerado insuficiente para a diversidade da agricultura familiar. Participantes alertaram que muitas cooperativas acabam se tornando especializadas em um único produto, o que limita seu alcance e impede que os agricultores com produção diversificada encontrem espaço. Também foi criticado o funcionamento atual do Pronaf, cuja burocracia e descontos automáticos de dívidas antigas dificultam o acesso ao segundo crédito, travando a expansão de grupos produtivos.

 

O debate trouxe pontos de que investir em tecnologia, pesquisa agrícola, logística e formação organizativa é indispensável para construir uma estratégia nacional que una produção, comercialização e sustentabilidade, considerando também as oportunidades colocadas pela agenda ambiental internacional.

 

Ao final, as lideranças defenderam que a Contraf-Brasil assuma novamente o papel de coordenar uma estratégia nacional de cooperativismo, articulando experiências entre regiões, padronizando processos e criando instrumentos capazes de estruturar desde a feira local até grandes cadeias de comercialização. 

 

O debate consolidou a ideia de que produzir alimentos saudáveis não é apenas uma tarefa agrícola, mas um projeto político coletivo, que depende de organização, investimento e unidade para garantir renda digna, permanência no campo e alimento de qualidade para a população.

Título: Contraf-Brasil debate organização da produção e reforça cooperativismo como base para garantir alimentos saudáveis no campo, Conteúdo: O ciclo de debates da Contraf-Brasil seguiu, no dia vinte e três de outubro, com uma reflexão aprofundada sobre os desafios da produção de alimentos saudáveis e o papel estratégico do cooperativismo para fortalecer a agricultura familiar em todo o país. O encontro mostrou que, apesar da variedade e da força produtiva presente nos assentamentos e comunidades rurais, ainda existe um grande descompasso entre o que é produzido e o que de fato consegue chegar aos mercados, especialmente aos programas públicos como PAA e PNAE, essenciais para garantir renda e estabilidade às famílias.   A discussão evidenciou que o principal gargalo não está apenas no plantio, mas na capacidade de organizar a produção de forma contínua e garantir uma estrutura de comercialização que funcione para todas as regiões. Lázaro destacou que a falta de organização nacional limita o avanço do setor e mantém desigualdades profundas entre estados. “O processo de organizar a produção de uma forma contínua e ter um processo de comercialização que dê conta de atender os agricultores familiares ainda é um grande desafio”, afirmou, lembrando que muitas regiões sequer conseguem inserir seus produtos nas políticas públicas mais consolidadas.    O debate também apontou que as experiências bem-sucedidas de organização produtiva e comercialização já existentes no país mostram caminhos viáveis mas ainda pouco integrados. Em estados do Nordeste, por exemplo, a dificuldade de logística, de acesso ao crédito e de operacionalização do cooperativismo impede que os agricultores avancem na mesma velocidade de regiões como o Sul. Em comum, as lideranças reforçaram que nenhuma região conseguirá se desenvolver de forma sustentável sem assistência técnica contínua, mecanização acessível e investimentos estruturantes em estradas e armazenamento.   Júnior ampliou a discussão ao relacionar a produção de alimentos saudáveis à permanência das famílias no território, ao cuidado ambiental e à justiça econômica. Para ele, “queremos chegar à questão do mercado justo o preço justo pelo trabalho diário, como resultado do alimento saudável produzido pelos agricultores e agricultoras”, defendendo que o cooperativismo é o caminho mais sólido para superar o isolamento produtivo e acessar mercados diferenciados.    Outro ponto que gerou consenso foi a necessidade de revisar o modelo de cooperativas existente hoje, considerado insuficiente para a diversidade da agricultura familiar. Participantes alertaram que muitas cooperativas acabam se tornando especializadas em um único produto, o que limita seu alcance e impede que os agricultores com produção diversificada encontrem espaço. Também foi criticado o funcionamento atual do Pronaf, cuja burocracia e descontos automáticos de dívidas antigas dificultam o acesso ao segundo crédito, travando a expansão de grupos produtivos.   O debate trouxe pontos de que investir em tecnologia, pesquisa agrícola, logística e formação organizativa é indispensável para construir uma estratégia nacional que una produção, comercialização e sustentabilidade, considerando também as oportunidades colocadas pela agenda ambiental internacional.   Ao final, as lideranças defenderam que a Contraf-Brasil assuma novamente o papel de coordenar uma estratégia nacional de cooperativismo, articulando experiências entre regiões, padronizando processos e criando instrumentos capazes de estruturar desde a feira local até grandes cadeias de comercialização.    O debate consolidou a ideia de que produzir alimentos saudáveis não é apenas uma tarefa agrícola, mas um projeto político coletivo, que depende de organização, investimento e unidade para garantir renda digna, permanência no campo e alimento de qualidade para a população.



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