ANA repudia a tentativa de remoção das famílias do Território Ancestral Quilombola de Alcântara
Intenção criminosa de despejar comunidades que ocupam esse território há 400
Escrito por: Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) • Publicado em: 02/04/2020 - 01:25 Escrito por: Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) Publicado em: 02/04/2020 - 01:25A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) repudia veementemente as deliberações do Comitê de Desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro, estabelecidas pela Resolução Nº 11, de 26 de Março de 2020, que prevê a remoção de famílias do Território Ancestral Quilombola de Alcântara, Maranhão. A resolução fere os direitos das comunidades quilombolas assegurados pela Constituição Federal de 1988 e em Convenções Internacionais.
Observamos que a tentativa de remoção das famílias quilombolas desrespeita as garantias da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, sobre Povos Indígenas e Tribais, ratificada pelo Congresso Nacional pelo Decreto Legislativo 143/2002 e promulgada pelo Decreto Federal 5051/04. Desrespeita também o direito humano à alimentação previsto no artigo 6º da Constituição Federal.
Chamamos atenção da sociedade brasileira e das instituições democráticas para a extrema crueldade e covardia do governo federal de levar à frente sua criminosa intenção de despejar comunidades que ocupam esse território há 400 anos e que, nesse momento, estão cumprindo o isolamento social necessário para o enfrentamento da gravíssima pandemia da Covid 19.
Reiteramos o repúdio à Resolução Nº 11, de 26 de Março de 2020 e demandamos que o Comitê revogue, na íntegra, o teor do Art.6 desta resolução até a devida realização da consulta prévia, livre e informada junto aos quilombolas de Alcântara.
Brasil, 30 de Março de 2020