Agricultura sustentável é a chave para o fim da fome no mundo, diz FAO
Não haverá “futuro sustentável sem erradicar a pobreza e a fome”, disse o chefe da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
Escrito por: FAO • Publicado em: 11/10/2018 - 11:21 Escrito por: FAO Publicado em: 11/10/2018 - 11:21Foto: FAO/Cristina Aldehuela Mulheres vendem tomates em um mercado em Acra, Gana
Não haverá “futuro sustentável sem erradicar a pobreza e a fome”, disse o chefe da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), no lançamento de relatório sobre os mercados de commodities agrícolas no mundo.
Com foco nas relações entre comércio agrícola, mudanças climáticas e segurança alimentar, o diretor-geral da agência da ONU, o brasileiro José Graziano da Silva, declarou no prefácio da publicação que “garantir a segurança alimentar para todos é tanto uma função-chave quanto um desafio para a agricultura, que enfrenta dificuldades crescentes”.
“À medida que a população aumenta, a urbanização se intensifica e a renda cresce, o setor agrícola sofre maior pressão para atender a demanda por alimentos nutritivos”, explicou.
Graziano da Silva também destacou que a agricultura tem de gerar emprego decente para apoiar os bilhões de trabalhadores rurais no mundo, especialmente aqueles em países em desenvolvimento, onde a pobreza e a fome estão concentradas.
Sobre a questão das mudanças climáticas, o diretor destacou que a agricultura é fundamental para assegurar os recursos naturais e a biodiversidade do planeta.
“Mudanças climáticas continuarão a ter um crescente impacto negativo em grande parte do planeta, com terras em latitudes mais baixas sendo atingidas de maneira mais forte”, destacou Graziano.
O relatório sublinha que, até a metade desse século, maiores temperaturas, mudanças nas chuvas, aumento dos níveis do mar, eventos climáticos extremos e a possível ampliação dos danos de pestes e doenças terão impactos significativos na agricultura e segurança alimentar.
As mudanças climáticas afetarão diferentes áreas de acordo com sua posição geográfica e tipo de plantação. Regiões áridas e semiáridas serão expostas a níveis pluviométricos ainda menores, assim como maiores temperaturas, diminuindo a capacidade de colheita.
Países na África, Ásia e América Latina serão desproporcionalmente impactados, muitos desses já sofrendo com pobreza, insegurança alimentar e desnutrição.
Por outro lado, países em climas temperados, que tendem a apresentar maior desenvolvimento, podem se beneficiar de climas mais quentes durante a estação de cultivo, ampliando as desigualdades existentes.
“A não ser que tomemos medidas urgentes para combater as mudanças climáticas, podemos esperar que o futuro do cenário global da agricultura será profundamente diferente”, completou o diretor-geral da FAO.
A relação entre comércio agrícola e segurança alimentar é cada vez mais importante, tanto em relação a políticas de comércio internacional quanto a projetos de desenvolvimento. Nesse contexto, países em desenvolvimento precisam de apoio externo para lidar com as mudanças climáticas.
O relatório também afirma que o sistema mundial de alimentos em 2050 precisará produzir quase 50% a mais em relação a 2012. O setor deverá se ajustar aos efeitos das mudanças climáticas, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa, além de atender a crescente demanda por comida.
Produzir mais com menos, preservando recursos naturais e incrementando os meios de subsistência e pequenas fazendas familiares, serão desafios-chave no futuro.
“Desenvolver e implementar políticas que desloquem a produção agrícola global para um caminho mais sustentável e proteger os países e regiões mais vulneráveis será fundamental se quisermos ver um mundo livre de fome e desnutrição até 2030”, concluiu o diretor-geral.
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