A vida das mulheres tem valor
2019 já contabiliza mais de 21 feminicídios e cerca de 11 tentativas de assassinato de mulheres
Escrito por: ZERO HORA/ Por: Cleonice Back • Publicado em: 18/01/2019 - 10:35 • Última modificação: 18/01/2019 - 10:50 Escrito por: ZERO HORA/ Por: Cleonice Back Publicado em: 18/01/2019 - 10:35 Última modificação: 18/01/2019 - 10:50Divulgação Cleonice Back é secretária licenciada de Políticas Sociais da CUT-RS e diretora da Fetraf-RS
O ano mal começou e já contabiliza mais de 21 feminicídios e cerca de 11 tentativas de assassinato de mulheres. Os dados da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul apontam que, em 2018, 117 mulheres foram mortas, 40,9% a mais do que o registrado no ano de 2017.
Não menos perversa é a violência praticada pelo Estado quando promove cortes nos programas sociais, como Minha Casa Minha Vida” que beneficia na grande maioria mulheres. Conforme a Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios (PNAD), de 2017, cerca de 40% dos lares são chefiados por elas.
No programa Bolsa Família, 88% das famílias inscritas são chefiadas por uma mulher. Porém, para Jair Bolsonaro, 30% dos beneficiados pelo programa não precisam dele, conforme afirmou à imprensa, durante o período eleitoral.
Em uma nação onde 12,9 milhões de pessoas estão fora do mercado de trabalho, sendo destas a maioria mulheres, uma fala dessas não poderia estar mais desconectada da realidade. Não surpreende, considerando que o mesmo votou pelo congelamento dos investimentos públicos em saúde e educação por 20 anos e afirma que uma mulher deve receber menos porque engravida.
Os efeitos disso são vistos todos os dias na mídia, com mulheres morrendo à espera de atendimento médico, dormindo nas filas na espera por vagas em creches e escolas públicas de Educação Infantil para seus filhos etc.
As primeiras medidas governamentais anunciadas, em níveis estadual e federal, contribuem para a ampliação do abismo social brasileiro e comprometem as novas gerações, através da retirada de direitos trabalhistas, sociais, o fim da aposentadoria e a privatizações de serviços essenciais.
O caráter patriarcal, racista e elitista do Estado nunca esteve tão evidente como agora. A luta contra os retrocessos é diária e de toda a sociedade, não é só das mulheres. Continuaremos na vanguarda da resistência contra a retirada de direitos, pela igualdade de oportunidades, por uma vida digna e sem violências.
Cleonice Back é secretária licenciada de Políticas Sociais da CUT-RS, diretora da Fetraf-RS e primeira suplente do senador reeleito Paulo Paim (PT-RS)