Marcos Rochinski, coordenador geral da FETRAF/BRASIL, faz um balanço da jornada de lutas em Brasília e acredita em resultados sati

O Coordenador concedeu uma entrevista a assessoria da FETRAF/BRASIL para explicar os principais acontecimentos e conquistas realizadas na Jornada.

Escrito por: FETRAF/BRASIL • Publicado em: 21/05/2015 - 15:15 Escrito por: FETRAF/BRASIL Publicado em: 21/05/2015 - 15:15

 

 

Para ele a Jornada ainda não acabou e se trata de algo permanente no meio da agricultura familiar. Acompanhe.

 

Assessoria- Foram três dias intensos para a FETRAF/BRASIL. É possível explicar tudo que aconteceu nesta semana?

Marcos- É importante registrar que nossa jornada não se resume a esses três dias em Brasília, mesmo que tenham acontecido importantes ações. Muito antes desses atos, tínhamos um processo de negociação em curso junto a diversos ministérios, principalmente aos relacionados com a nossa temática (MDA, INCRA, MDS).  Nos demos conta que o foco central nas negociações com os ministérios era a questão do corte dos orçamentos previstos no ajuste fiscal. Foi em função disso que as nossas ações quiseram chamar a atenção do Governo, mostrando que se não houvesse novas medidas, a agricultura familiar e a reforma agrária sofreriam fortes impactos orçamentários. Então logo no primeiro dia de jornada, quando fechamos as principais BRs que davam acesso a Brasília, era para mostrar que os agricultores familiares estão insatisfeitos com o tratamento que têm recebido para suas políticas publicas, principalmente por se tratar de um seguimento economicamente importante para o desenvolvimento de milhares de municípios. 

Assessoria- Como foi planejada a jornada de lutas?

Marcos- Vínhamos a alguns dias negociando uma agenda com a Presidenta Dilma que tinha exatamente o objetivo de tratar os pontos centrais da nossa pauta e o “ajuste fiscal”. Essa agenda foi desmarcada algumas vezes e não se viabilizou, por isso, em função da falta de retorno mais contundente da Presidenta da área econômica do governo é que se deu a ocupação no Ministério da Fazenda. Essa ação foi impactante, importante e surpreendente. A presença do Ministro da Fazenda Joaquim Levy tentando dialogar a céu aberto, diretamente com os agricultores que estavam na manifestação, serviu fundamentalmente para abrir um processo de negociação conjunto entre três ministérios (Fazenda, Desenvolvimento Agrário e Secretária Geral da República). Um momento histórico, pois nenhum outro movimento tinha conseguido unir esses ministérios dentro de uma mesma sala, em uma mesma mesa de negociação, sobretudo nas dependências do MDA. O resultado desta união foi um comprometimento do governo, principalmente por parte do Ministro Joaquim Levy,  em não haver cortes nos orçamentos relacionados a agricultura familiar e reforma agrária. Para nós da FETRAF nos resta esperar que o Governo cumpra com o prometido. Vamos acompanhar, fiscalizar detalhadamente todo o desfecho do ajuste fiscal e consequentemente o anúncio dos orçamentos. 

Assessoria-Como foi ter o reconhecimento da Agricultura Familiar como uma categoria Profissional?

Marcos- Vínhamos em processo de negociação com o Ministério do Trabalho durante a semana. Sem duvida nenhuma, ter essa portaria assinada e publicada no diário oficial da união fecha com “chave de ouro” a XI jornada de lutas. Existem regras gerais para todas as categorias, dentro de um contexto em que foi apenas revisada. A portaria foi publicada em função de uma conjuntura que se criou no espaço rural  ao forçar o MTE para reconhecer que temos categorias diferenciadas. Temos uma diferença entre assalariados rurais e agricultores familiares. A quase quinze anos atrás, iniciamos um processo organizativo de sindicatos específicos de agricultura familiar. Obviamente que a Fetraf construiu a sua história vitoriosa de lutas e conquistas mesmo sem ter este reconhecimento da categoria profissional. Nós conquistamos ao longo desses anos, inúmeras politicas, o nosso espaço de reconhecimento pelos governantes, pela sociedade, algo que tem refletido  internacionalmente. Mas poder ter a carta sindical, nos organizar e dizer que não somos uma organização qualquer, mais sim uma categoria profissional reconhecida pelo ministério do trabalho, sem duvidas fortalece muito a nossa luta. 

Assessoria- Conciliado a XI Jornada de lutas, a FETRAF/PARÁ também fez grandiosas manifestações. Esses três dias no Pará e em Brasília marcaram a história da Fetraf?

Marcos- Acho que tivemos conquistas importantes, apesar do curto tempo. Em Três dias em Brasília, realizamos uma jornada de lutas que entra para a história da Fetraf , para a história da Agricultura Familiar como um todo. Não foram irrelevantes os fatos que aconteceram durante a semana. Só temos a agradecer a disposição do nosso povo guerreiro em deixar suas propriedades para virem a Capital e lutarem conosco. Demonstramos que temos uma direção coletiva, com muito conteúdo, com muita capacidade fazer acontecer. Uma ampla capacidade de entender o papel estratégico que exercemos dentro da sociedade brasileira. Trabalhamos vinculados ao Pará, em um processo articulado com a jornada de lutas.  Quero parabenizar de modo muito especial os companheiros e companheiras do Pará, por lutarem bravamente pela reforma agrária no estado. Foi fundamental e contribuiu significamente para as conquistas que tivemos aqui em Brasília. Conseguimos negociar uma visita de quatro dias para a próxima semana com a presidente do INCRA , juntamente com membros de outros ministérios para tratar da reforma agrária. A questão do Pará é URGENTE! Esperamos que com todos esses encaminhamentos consigamos efetivamente trazer mais conquistas para os companheiros e companheiras do Pará.

Assessoria- Como você avalia o desfecho dessa jornada?

Marcos- A FETRAF ainda não saiu da jornada. A jornada é um processo permanente e ainda existem negociações a serem realizadas nos próximos dias em vários ministérios. Estaremos enquanto direção nacional, detalhando todo esse processo de negociações. Mas digo que o saldo dessa semana histórica em Brasília e no Pará é satisfatório. Nós cumprimos um papel importante de levar para o centro do governo a preocupação em relação a questões orçamentárias, pois não contribuímos somente com a garantia de renda das nossas famílias , mas fundamentalmente com a perspectiva de manter a economia de milhares de municípios dependendes da economia rural. Esperamos que tudo isso se transforme em politicas públicas para melhorar a vida dos nossos agricultores familiares.

Título: Marcos Rochinski, coordenador geral da FETRAF/BRASIL, faz um balanço da jornada de lutas em Brasília e acredita em resultados sati, Conteúdo:     Para ele a Jornada ainda não acabou e se trata de algo permanente no meio da agricultura familiar. Acompanhe.   Assessoria- Foram três dias intensos para a FETRAF/BRASIL. É possível explicar tudo que aconteceu nesta semana? Marcos- É importante registrar que nossa jornada não se resume a esses três dias em Brasília, mesmo que tenham acontecido importantes ações. Muito antes desses atos, tínhamos um processo de negociação em curso junto a diversos ministérios, principalmente aos relacionados com a nossa temática (MDA, INCRA, MDS).  Nos demos conta que o foco central nas negociações com os ministérios era a questão do corte dos orçamentos previstos no ajuste fiscal. Foi em função disso que as nossas ações quiseram chamar a atenção do Governo, mostrando que se não houvesse novas medidas, a agricultura familiar e a reforma agrária sofreriam fortes impactos orçamentários. Então logo no primeiro dia de jornada, quando fechamos as principais BRs que davam acesso a Brasília, era para mostrar que os agricultores familiares estão insatisfeitos com o tratamento que têm recebido para suas políticas publicas, principalmente por se tratar de um seguimento economicamente importante para o desenvolvimento de milhares de municípios.  Assessoria- Como foi planejada a jornada de lutas? Marcos- Vínhamos a alguns dias negociando uma agenda com a Presidenta Dilma que tinha exatamente o objetivo de tratar os pontos centrais da nossa pauta e o “ajuste fiscal”. Essa agenda foi desmarcada algumas vezes e não se viabilizou, por isso, em função da falta de retorno mais contundente da Presidenta da área econômica do governo é que se deu a ocupação no Ministério da Fazenda. Essa ação foi impactante, importante e surpreendente. A presença do Ministro da Fazenda Joaquim Levy tentando dialogar a céu aberto, diretamente com os agricultores que estavam na manifestação, serviu fundamentalmente para abrir um processo de negociação conjunto entre três ministérios (Fazenda, Desenvolvimento Agrário e Secretária Geral da República). Um momento histórico, pois nenhum outro movimento tinha conseguido unir esses ministérios dentro de uma mesma sala, em uma mesma mesa de negociação, sobretudo nas dependências do MDA. O resultado desta união foi um comprometimento do governo, principalmente por parte do Ministro Joaquim Levy,  em não haver cortes nos orçamentos relacionados a agricultura familiar e reforma agrária. Para nós da FETRAF nos resta esperar que o Governo cumpra com o prometido. Vamos acompanhar, fiscalizar detalhadamente todo o desfecho do ajuste fiscal e consequentemente o anúncio dos orçamentos.  Assessoria-Como foi ter o reconhecimento da Agricultura Familiar como uma categoria Profissional? Marcos- Vínhamos em processo de negociação com o Ministério do Trabalho durante a semana. Sem duvida nenhuma, ter essa portaria assinada e publicada no diário oficial da união fecha com “chave de ouro” a XI jornada de lutas. Existem regras gerais para todas as categorias, dentro de um contexto em que foi apenas revisada. A portaria foi publicada em função de uma conjuntura que se criou no espaço rural  ao forçar o MTE para reconhecer que temos categorias diferenciadas. Temos uma diferença entre assalariados rurais e agricultores familiares. A quase quinze anos atrás, iniciamos um processo organizativo de sindicatos específicos de agricultura familiar. Obviamente que a Fetraf construiu a sua história vitoriosa de lutas e conquistas mesmo sem ter este reconhecimento da categoria profissional. Nós conquistamos ao longo desses anos, inúmeras politicas, o nosso espaço de reconhecimento pelos governantes, pela sociedade, algo que tem refletido  internacionalmente. Mas poder ter a carta sindical, nos organizar e dizer que não somos uma organização qualquer, mais sim uma categoria profissional reconhecida pelo ministério do trabalho, sem duvidas fortalece muito a nossa luta.  Assessoria- Conciliado a XI Jornada de lutas, a FETRAF/PARÁ também fez grandiosas manifestações. Esses três dias no Pará e em Brasília marcaram a história da Fetraf? Marcos- Acho que tivemos conquistas importantes, apesar do curto tempo. Em Três dias em Brasília, realizamos uma jornada de lutas que entra para a história da Fetraf , para a história da Agricultura Familiar como um todo. Não foram irrelevantes os fatos que aconteceram durante a semana. Só temos a agradecer a disposição do nosso povo guerreiro em deixar suas propriedades para virem a Capital e lutarem conosco. Demonstramos que temos uma direção coletiva, com muito conteúdo, com muita capacidade fazer acontecer. Uma ampla capacidade de entender o papel estratégico que exercemos dentro da sociedade brasileira. Trabalhamos vinculados ao Pará, em um processo articulado com a jornada de lutas.  Quero parabenizar de modo muito especial os companheiros e companheiras do Pará, por lutarem bravamente pela reforma agrária no estado. Foi fundamental e contribuiu significamente para as conquistas que tivemos aqui em Brasília. Conseguimos negociar uma visita de quatro dias para a próxima semana com a presidente do INCRA , juntamente com membros de outros ministérios para tratar da reforma agrária. A questão do Pará é URGENTE! Esperamos que com todos esses encaminhamentos consigamos efetivamente trazer mais conquistas para os companheiros e companheiras do Pará. Assessoria- Como você avalia o desfecho dessa jornada? Marcos- A FETRAF ainda não saiu da jornada. A jornada é um processo permanente e ainda existem negociações a serem realizadas nos próximos dias em vários ministérios. Estaremos enquanto direção nacional, detalhando todo esse processo de negociações. Mas digo que o saldo dessa semana histórica em Brasília e no Pará é satisfatório. Nós cumprimos um papel importante de levar para o centro do governo a preocupação em relação a questões orçamentárias, pois não contribuímos somente com a garantia de renda das nossas famílias , mas fundamentalmente com a perspectiva de manter a economia de milhares de municípios dependendes da economia rural. Esperamos que tudo isso se transforme em politicas públicas para melhorar a vida dos nossos agricultores familiares.



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