Comunicação no campo: Organização, trabalhadores e sociedade
17/02/2012 - 00:00
Comunicação no campo: Organização, trabalhadores e sociedade
Artigo de Auri Júnior, coordenador Geral da FETRAF-CEARÁ
O acesso às redes e canais de informação e comunicação, por parte dos agricultores familiares, moradores no campo, sempre foi restrito. Até bem pouco tempo, o nível de informação pelos meios de comunicação na zona rural eram limitados devido a falta de infra-estrutura. Deficiência que passa pelo fornecimento de energia elétrica, acesso às estradas, a inexistência do telefone e internet.
Somado ao que já dispúnhamos - das poucas rádios comunitárias de abrangência tímida ? com o Programa Luz para Todos, o meio rural obteve grande quantidade de informação e notícia por meio da televisão. Entretanto, nos fazemos a seguinte pergunta: Qual a nossa participação nesses meios? Resposta: Nenhuma. Ou seja, apenas como ouvintes e telespectadores não somos retratados.
Mas com a ?democratização? do acesso a internet surge uma comunicação mais socializada e participativa. A atuação da sociedade pode ser efetivada por meio de sites profissionais ou pessoais, blogs e, por meio das redes sociais.
A internet nos traz a possibilidade de democraticamente nos comunicar. Apesar do serviço não ter chegado totalmente ao campo, a participação da sociedade que mora e vive na zona rural é significativa especialmente da juventude. Ora, todo jovem, por mais longínqua que seja sua comunidade rural, se desloca quando vai à escola ou cumprir qualquer outra atividade rotineira nas cidades maiores. E é nessa ocasião que ele acessa a internet.
Assim como a juventude, lideranças comunitárias, parte da classe política interiorana, professores e etc., ou seja, toda a sociedade, de alguma maneira, integra o ambiente virtual. Este novo jeito de se comunicar é diferente porque é inclusivo, não distingue poder aquisitivo ou social, qualquer um pode acessar e ser parte da notícia e contribuir com a disseminação da informação.
Grande parte da sociedade ainda não se deu conta da importância social e do poder que tem a internet, e aqui queremos destacar o papel das redes sociais domo espaço de comunicação direta para todos, inclusive para os agricultores familiares. Acreditamos que neste tempo de grande interação, as redes sociais são instrumentos de comunicação importantes para as organizações. Tornar visível à sociedade civil o trabalho, a luta e as conquistas da sociedade organizada, representante dos agricultores familiares do país, é um meio de difundir a ideologia de que o mundo precisa estabelecer um novo modelo de desenvolvimento, com sustentabilidade, igualdade de gêneros, distribuição de renda e oportunidade para o povo.
Não há dúvidas de que lutar por pontos de acesso a internet nas comunidades rurais é muito importante por uma série de fatores já citados. Contudo, também somos chamados a mobilizar os homes e mulheres que dispõe e utilizam a rede para, a partir deste contexto, divulgar e promover a agricultura familiar, acompanhar o que acontece no mundo e participar da notícia.
Sem dúvida, é uma ótima oportunidade de mobilizar a juventude e chamar sua atenção para importância fundamental dos trabalhadores no campo, compartilhar conteúdo, e divulgar o que acontece em nossas comunidades e dentro das nossas organizações sociais.
A agricultura familiar nas redes sociais é a divulgação de anos de luta por mais dignidade para os trabalhadores do campo. E o empenho das organizações em propagar, mobilizar e tornar público à todos os setores da sociedade a importância da agricultura familiar, por isso, a interação e participação de todos fortalece a superação de paradigmas e contradições históricas entre Campo e Cidade. Todos conectados por uma sociedade mais justa e com igualdade de oportunidades. Pela efetiva democratização da comunicação, com a facilitação do acesso à todos os povos.