Na XXXI Sessão Brasileira da Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (REAF), realizada em Brasília, de quarta a sexta-feira (16 a 18), o grupo deliberou pela proposição de apresentar aos países membros do Mercado Comum do Sul (Mercosul), a adoção de políticas públicas específicas para a educação rural. A proposta será levada pela delegação brasileira à XVI REAF, prevista para ocorrer entre 5 e 9 de dezembro, no Uruguai.
Aprovada nesta sexta-feira (18), último dia da XXXI Seção Nacional, a proposta é promover a educação rural fundamentada no respeito à diversidade do campo, da floresta e das águas nos aspectos sociais, culturais, ambientais, de gênero, raça e etnia é a o objetivo da proposta.
No documento final em que são detalhados os encaminhamentos aprovados, o grupo sugere aos países membros que esse modelo de educação contemple o ensino infantil, básico, médio, técnico e superior de modo que seja possível ampliar cada vez mais novas oportunidades para a população rural.
De acordo com Josana de Lima, coordenadora de Formação e Juventude da FETRAF-BRASIL, que participou da REAF, essa proposta vai de encontro ao que a entidade defende e, tem lutado junto ao governo para garantir.
“Uma educação de qualidade e específica para todos os trabalhadores do campo, com metodologia que agregue a realidade da zona rural e professores qualificados, inseridos no contexto local”, disse a coordenadora.
Outro tema que o documento aborda é a importância de os estados-parte do bloco econômico valorizar a formação e a carreira dos profissionais da educação, bem como se levar em conta a incorporação, na construção das políticas públicas, de atores da sociedade civil.
No Uruguai
Entre 5 e 9 de dezembro, no Uruguai, Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) será um dos temas abordados pela FETRAF-BRASIL na XVI REAF. Na ocasião, ela irá representar os movimentos sociais do Brasil.
“Vamos abordar um pouco sobre o que não pode deixar de ter no ATER para garantir uma assessoria e ou assistência técnica de qualidade para agricultura familiar do Brasil. Essa será uma das pautas principais na nossa agenda em Montivideu, assim como o tema educação”, informou Josana.
Na oportunidade a equipe da REAF irá apresentar uma proposta para superação do analfabetismo no campo, principalmente entre adultos.
Dados do Censo Demográfico 2010, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que 9,6% da população brasileira com 15 anos ou mais é analfabeta. Na última década, a taxa de analfabetismo em áreas rurais caiu de 29,8% para 23,2%, enquanto nas regiões urbanas, a diminuição foi de 10,2% para 7,3%. De acordo com o Censo, a diferença entre os índices acontece porque as dificuldades de acesso à escola e o envolvimento precoce na força de trabalho são maiores na zona rural.
“Chegar na escola para quem mora na zona rural esta cada vez mais difícil, prova disso é o fechamento das 24 mil unidades escolares. O que se caracteriza como desrespeito para a população, que tem tido o direito de dispor de uma educação de qualidade prejudicado”, avaliou Lázaro Bento, coordenador de Reforma Agrária da FETRAF-BRASIL que também participou da REAF.