Agricultoras Familiares da Fetraf Bahia alcançam cada vez mais o protagonismo no campo

16/08/2017 - 11:07

A líder comunitária, Dona Eliete Raimunda da Silva, conta os desafios do dia a dia no campo, nas diversas perspectivas

A Fetraf Bahia tem levado as agricultoras familiares, cada vez mais, a valorização da produção de alimentos por meio de políticas públicas que fortalecem o trabalho desde o modelo de produção à comercialização. Com assistência técnica e extensão rural as agricultoras familiares conseguem sair da subsistência e geram renda não apenas para a famílias, mas também contribuem com a economia do município.

A líder comunitária, Dona Eliete Raimunda da Silva, conta os desafios do dia a dia no campo, nas diversas perspectivas. “A gente produz beiju, sequilhos, cocada de licuri (oleaginosa do sertão baiano), bolinhos e já temos mais novidades, mas sentimos falta de valorização do trabalho”, comenta.

As famílias recebem apoio do Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE, (programa criado ainda no governo Lula). Ela conta que na ponta, ter o acesso aos programas hoje em dia é uma luta. “ Eles têm resistência em nos atender, mas também somos resistentes e junto ao sindicato, associação e a assistência técnica que nos encoraja, não desistimos”.

Segundo a líder comunitária, a Secretaria de Educação ainda não faz os pedidos como os agricultores e agricultoras esperam, porém já melhorou muito. “Quando a prefeitura fez o primeiro pedido eu só tinha um fogão, aí eu saí nas casas pedindo emprestado e comprei um forno, parcelado em dez prestações, para conseguir fazer as primeiras entregas em 2016. A gente tem muitos anseios, uma cozinha boa, banheiro com caixa d’água, pia, e temos esperança de chegar lá”.

Ainda, a agricultora diz que o PNAE incentiva as pessoas a trabalharem em grupo. “Com a falta das chuvas aqui no semiárido quase não víamos mais as casas de farinha e os vizinhos não se uniam para ajudar na roça dos outros, mas por meio do trabalho em grupo mudamos isso. Agora, algumas mães jovens que antes não podiam sair para trabalhar fora de casa porque tinham que cuidar dos filhos, tem agora possibilidade de trabalhar pra ela mesmo, dentro da própria comunidade. Produzimos e nós mesmo somos também nossos consumidores, a gente compra os ovos e o leite nas casas. Minha intenção é melhorar a vida de cada um”.

Para apoiar o comercio a comunidade de agricultores e agricultoras ainda realizam as feiras, de Economia Solidária. “ Nas feiras conhecemos outras pessoas, levamos artesanato, conhecemos o produto do outro e mostramos os nossos. Além do ganho financeiro a gente ganha também conhecimento e valores”. A comunidade possui seis barracas na Feira Livre de Andorinha e querem chegar a dez.

Durante a entrevista dona Eliete falou sobre o empoderamento das mulheres no campo, uma discussão importante dentro da questão de gênero, desigualdade ainda é forte no meio rural. Para ela, as políticas públicas da agricultura familiar devem estar cada vez mais focadas na valorização da mulher do campo, pois sua participação é multifuncional no desenvolvimento socioeconômico nacional.

De acordo com estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil é cada vez maior a participação feminina na composição da renda das famílias rurais. São mais de 14 milhões de mulheres no meio rural, representando 48% da população destas áreas, que estão contribuindo mais com as contas da casa e aumentando a própria renda. Segundo o Instituto, a participação das mulheres na renda familiar do campo é de 42,4%, sendo o Nordeste a região onde a colaboração monetária é maior (51%).

"Ser mulher é difícil. Temos uma cultura de que o homem pode tudo e a mulher não pode, mas bom de ser mulher é que ela é resistente e quando ela quer ela consegue”.