Mais uma cena de terror acontece no estado do Pará envolvendo conflitos no campo nesta quarta-feira 24 de maio, deixando nove homens mortos e uma mulher. A chacina ocorreu em um acampamento na fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D’Arco, aproximadamente a 60 km da cidade de Redenção, sudeste do Pará. A violência no campo foi promovida pelas forças armadas das Polícias Civil e Militar.
Trabalhadores do campo ocupavam a fazenda e após receberem o aviso de reintegração de posse saíram do local. No entanto, alguns trabalhadores resistiram e permaneceram no local, pois o direito à terra é garantido em Constituição e dever que o Estado deveria cumprir.
Por mais que a grande mídia noticie que houve troca de tiros por parte dos trabalhadores, as evidências apontam que existe um conluio para que os fatos sejam distorcidos. Pois, na verdade apenas trabalhadores morreram.
Reafirmamos que não fecharemos os olhos as chacinas e não abriremos mão de que a justiça seja feita. Pois, diante tamanha injustiça não podemos permitir que homens e mulheres morram cada vez mais de forma invisível a sociedade e do mundo. Lutaremos com nossas armas, que são os protestos, manifestações, como forma de chamar atenção do mundo para a violência no campo, que de tão barbárie faz do Brasil um dos primeiros na escala de morte de trabalhadores no campo.
Ressaltamos, que o estado do Pará é assolado não apenas pela falta de políticas públicas do Governo Federal, mas também pelo Governo do estado.
Destacamos sobre a tamanha violência ocorrida neste 24 de maio de 2017, que fato semelhante aconteceu em 1996, quando o governo também era do PSDB no comando de Almir Gabriel. Neste período, o Brasil viveu uma das maiores chacinas quando 19 sem terras morreram e 70 ficaram feridos, no massacre do Eldorado do Carajás. Questionamos se a forma de governabilidade é coincidência ou não, quando no mesmo governo ocorre tamanhos assassinatos.
Nós da agricultura familiar, que cotidianamente estamos no campo, afirmamos que os conflitos pela terra são fruto da omissão dos Governos, da negligência do Estado, das políticas antissociais, ditatoriais e antidemocráticas.
Ainda a respeito dessa política neoliberal, neste dia 24 enquanto trabalhadores e trabalhadoras reuniram-se no direito democrático de se manifestar contra as medidas de retirada de direitos que tramitam no Congresso Nacional, o presidente Michel Temer por decreto enviou as forças armadas para bater, atropelar e bombardear trabalhadores e trabalhadoras. Além disso, usou de manobra na Câmara dos Deputados, com sua bancada governista, para aprovar mais uma medida que provocará mais mortes no campo.
Ontem, paralelo ao ataque contra trabalhadores e trabalhadoras, parlamentares da direita aprovaram no Plenário da Câmara dos Deputados seis medidas provisórias, entre elas a MP 759 que acaba com a reforma agrária no país, entrega terras aos estrangeiros, autoriza o uso de agrotóxicos nos alimentos, acaba com as delimitações de terras indígenas, coloca em risco a Floresta Amazônica e várias áreas de preservação ambiental, atenta contra a segurança dos povos do campo, da floresta e das águas, indígenas e quilombolas e estimula o desmatamento.
Nós da CONTRAF BRASIL, FETRAFs e SINTRAFs, repudiamos todo e qualquer ato de violência contra o povo e principalmente as medidas do Governo que levam o país ao Estado de Exceção.
Esperamos que por meio dessa Nota Pública e das nossas manifestações, que o mundo, autoridades internacionais, nacionais e toda a sociedade possam ter consciência dos fatos ocorridos e do golpe que se sucede no Brasil, colocando o trabalhador e trabalhadora em condições subalternas aos interesses dos grandes empresários, latifundiários, das organizações criminosas e da corrupção, entre outros tantos que afogam o país em lama.
Reafirmamos também, que continuaremos em marcha a fim de trazer mudanças nesta atual estrutura de governabilidade e resistiremos aos ataques contra os trabalhadores e trabalhadoras.
Coordenação Nacional
CONTRAF BRASIL / FETRAFs/ SINTRAFs