A urgência na aquisição de terras para a Reforma Agrária, desapropriação de 39 áreas ocupadas por acampados no Pará, a violência no campo, assistência técnica para agricultores familiares e trabalhadores rurais, cestas básicas para as famílias, o retorno da Ouvidoria Agrária Nacional, a disponibilização de áreas para o plantio coletivo e desapropriação de imóveis rurais foram as pautas discutidas entre gestores do Incra e lideranças da CONTRAF BRASIL e Fetraf do Pará nessa quarta-feira 14 em Brasília.
Na reunião, o coordenador geral da CONTRAF BRASIL Marcos Rochinski solicitou a realização de agendas entre o Incra, Vale S.A e Fetraf Pará, para discutir assuntos específicos da região, destacando a importância de se manter um canal direto de diálogo entre o movimento social rural e o Incra.
No Pará, a Fetraf tem cerca de 2 mil famílias que ocupam áreas improdutivas da empresa Vale. Além disso, são 7 mil famílias que ocupam 39 áreas pelo Estado que aguardam do Governo um pedaço de terra para cultivar alimentos tanto para sobreviver como também fazer da agricultura familiar o meio de vida.
As lideranças, no Incra, pedem agilidade na política de estruturação da reforma ágraria, a fim de sanar com problemas como a violência no campo, a concentração de terras na mão de latifundiários, entre outros.
Quem conhece a realidade das famílias no Estado, logo vê as dificuldades de viver sob constantes ameaças dos seguranças e jagunços. Os conflitos agrários no Pará, a cada ano aumentam, dados que são de conhecimento do Incra e Governo.
Durante a reunião, o coordenador de gestão e finanças da CONTRAF BRASIL Lázaro Bento reivindicou agilização no andamento dos processos de aquisição de terras para a reforma agrária, alertando que a medida poderá contribuir para diminuir a violência no campo.
Há um mês, as famílias acampadas que estão sem nenhum tipo de atendimento há meses, em um dos conflitos, foram alvo de tiros e ameaças que resultaram em pessoas feridas, inclusive um menor de idade.
A coordenadora geral da Fetraf Pará, Viviane Oliveira, além de cobrar a desapropriação imediata das áreas ocupadas pelos acampados falou sobre a necessidade da entrega das cestas de alimento para as famílias, já que não conseguem produzir no local por conta dos ataques.
Dos itens de pauta, Viviane também abordou sobre a atual estruturação do Incra e da arbitrariedade do Governo em extinguir a Ouvidoria Agrária Nacional. Ela pediu o retorno das atividades do setor, que evitam inúmeros conflitos e mortes.
Ainda, as lideranças expuseram a falta de assistência técnica para os agricultores familiares da região e solicitaram projetos envolvendo a produção de alimentos por acampados da reforma agrária.
Em vista dos problemas apresentados pelas lideranças ao Incra ficou agendado uma reunião para o dia 10 de janeiro entre Fetraf Pará e dirigentes da Vale S.A., como também reunião entre lideranças da Fetraf Pará e Superintendência Regional do Incra sobre as 39 áreas ocupadas por assentados da reforma agrária.
O presidente do Incra, Leonardo Góes Silva, também firmou compromisso de atender as reivindicações dos movimentos sociais em relação ao edital que trata sobre a seleção de famílias a serem assentadas em áreas de reforma agrária.
Também participaram da reunião o secretário sindical da Fetraf Pará, Francisco Ferreira de Carvalho; o coordenador da Fetraf Pará, Jofre Alves de Lima Filho; o coordenador da Fetraf Pará, Lindomar de Jesus Cunha e o assessor do Incra, Jorge Tadeu; o superintendente regional do Incra em Marabá, Asdubral Bentes; o engenheiro agrônomo do Incra em Marabá, Guiseppe Serra Seca Silveira.