Na última quinta-feira (23), ministros da agricultura do G20, grupo que reúne os países ricos e as principais economias emergentes, chegaram a um acordo para conter a volatilidade dos preços agrícolas e reforçar a segurança alimentar no mundo. O encontro aconteceu em Paris.
Como medida para atender a demanda mundial de alimentos, os ministros concordaram em aumentar a produção agrícola, embora o documento final do encontro não especifique a quantidade e, conter os aumentos dos preços das commodities. De acordo com os ministros, a produção agrícola deverá aumentar em 70% até 2050, e quase o dobro nos países em desenvolvimento, uma vez que a população mundial deverá ultrapassar 9 bilhões de pessoas.
Além disso, o grupo defendeu o aumento dos investimentos e de transferência de tecnologias aos países em desenvolvimento.
Marcos Rochinski, secretário Geral da FETRAF-BRASIL atenta para fato de que embora o momento seja de somar esforços de todo o mundo para aumentar a produção em cerca de 70%, é preciso que seja feito com sustentabilidade social e responsabilidade ambiental, sobretudo nos países mais pobres e nas grandes potências agrícolas.
?O que se espera de fato é uma soma de esforços dos diferentes organismos internacionais nessa direção. O G20 é um desses espaços, mas na mesma direção devem estar a FAO/ONU (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) e OMC (Organização Mundial do Comércio)? disse.
O secretário, que participou da reunião do G120, realizado nos dias 16 e 17 de junho, também em Paris, relatou que as medidas anunciadas pelo G20 refletem, em boa parte, a reflexão do G120, que reuniu representantes de organizações de agricultores de 80 países.
O G20 também determinou a criação de um banco de dados sobre a produção, o consumo e os estoques mundiais agrícolas, que é uma das cinco ações do "plano de ação para conter a volatilidade dos preços alimentares e sobre a agricultura". O banco, denominado Sistema de Informação dos Mercados Agrícolas (SIMA), será implementado rapidamente e ficará sob autoridade da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), de acordo com o Bruno Le Maire, ministro francês.
?A expectativa quanto ao controle dos preços é de que este possa ser mais barato ao consumidor e consiga matar a fome de milhões e milhões de pessoas em todo o mundo ao passo que não signifique perda de renda aos agricultores familiares?, disse Rochinski. Para ele, a fatia de redução de preços precisa ser dividida principalmente com as grandes corporações responsáveis ate agora pelos abusos de preços e especulação financeira que tem levado a fome em todo mundo.