Osvalinda e Daniel não são coniventes com o crime ambiental dos madeireiros. Pelo contrário, ela preside a associação de mulheres e desenvolve atividades que buscam diversificar as formas de renda das 300 famílias do Projeto de Assentamento Areias, criado em 1998.
A militância incomoda os criminosos, que usam as estradas do assentamento como rota para o contrabando de madeira. As ameaças são constantes nos últimos seis anos. Motocicletas com homens armados e encapuzados rodeiam a casa do casal.
Assim como Osvalinda e Daniel, em todo o Brasil lideranças rurais que lutam pela terra e pela água são ameaçados por madeireiros, grileiros, fazendeiros e até mesmo por grupos ligados a empreendimentos privados e do Estado. A Repórter Brasil reuniu 10 depoimentos no vídeo Jurados de Morte. São relatos de pessoas que vivem sob risco constante na Bahia, Maranhão, Amazonas, Tocantins e Pará.
As ameaças estão inseridas em um contexto de aumento da violência no campo nos últimos anos. De acordo com o relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 2017 foram registrados 1.431 conflitos no campo com 71 mortes. É o maior número de assassinatos desde 2003, quando 73 morreram por conflitos rurais.
O período de 2015 até 2017 é classificado pela CPT como “ruptura política”, que inclui o primeiro ano do turbulento segundo mandato de Dilma Rousseff (PT) e o atual governo de Michel Temer (MDB). A média de morte em conflitos no campo neste período é de 60 por ano. Entre 2007 e 2010, no segundo mandato de Lula (PT), a média foi de 28.