?Estou orgulhoso de estar aqui para fortalecer a luta pela reforma agrária e por justiça no campo?, disse o presidente da CUT, Artur Henrique, no II Congresso da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar (Fetraf-Brasil/CUT)
Escrito por Fernanda Silva e Leonardo Severo, de Luziânia Goiás
?Estou orgulhoso de estar aqui para fortalecer a luta pela reforma agrária e por justiça no campo?, disse o presidente da CUT, Artur Henrique, no II Congresso da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar (Fetraf-Brasil/CUT).
No evento, Artur manifestou o compromisso da Central em priorizar a ação sindical no meio rural e incorporar cada vez mais suas demandas na Jornada pelo Desenvolvimento, ?processo que está construindo uma plataforma, uma agenda da classe trabalhadora para as eleições de 2010?.
Na avaliação do presidente cutista, o momento é de disputa de modelos e a Marcha das Centrais a Brasília, no próximo dia 11 de novembro, vai explicitar posições. ?A crise destruiu mitos e verdades dos que implementaram o neoliberalismo, dos que seguiram a cartilha do Estado mínimo, da privatização, criminalização e perseguição dos movimentos sociais, como FHC?. Para Artur, mais do que nunca, é hora de apresentarmos a nossa pauta, somando para que ?o governo Lula seja uma ponte para a continuidade do processo de mudanças, barrando a volta de demos e tucanos?.
Na avaliação do líder cutista, ?esse primeiro grande desafio, o debate sobre o modelo de desenvolvimento, é chave?, vendo para além do crescimento econômico, os avanços sociais de medidas como a política de valorização do salário mínimo, ?que até hoje não conseguimos votar no Congresso Nacional?. ?Cada R$ 50 de aumento no mínimo representa R$ 21 bilhões a mais na economia, significa maior consumo de sapato, roupa, comida, mais emprego na agricultura familiar...?
O segundo ponto que merece atenção, frisou, é a redução da jornada constitucional de trabalho sem redução de salário, que pode gerar até dois milhões e duzentos mil empregos diretos.
O terceiro, destacou, ?é a defesa da camada pré-sal do petróleo?, num confronto aberto com os entreguistas, que ?querem privatizar a Petrobrás e manter o atual modelo de concessão?. Tal lógica, ponderou, poderia servir para quando o investidor tinha risco, ?mas agora a situação é totalmente diferente?, com o pré-sal sendo um verdadeiro bilhete premiado. ?Por isso defendemos a suspensão dos leilões e o controle social sobre o fundo que vai ser gerado com as riquezas do pré-sal, disponibilizando recursos para a reforma agrária, por exemplo?.
O quarto ponto, acrescentou Artur, ?é o debate do campo, a disputa do modelo agrário, a luta pela atualização dos índices de produtividade, a aprovação da PEC contra o trabalho escravo e a defesa do meio ambiente?. Na contramão disso tudo, disse, está o modelo agroexportador, de monoculturas como o da soja, que ceifa empregos, é concentrador de renda e poluente.
Ao destacar a necessidade da sociedade estar informada, já que a batalha em curso envolve corações e mentes, Artur denunciou a manipulação e a partidarização da imprensa, defendendo o engajamento da militância na luta pela democratização dos meios de comunicação. ?Só falam na CPI da dona Kátia Abreu, contra o MST?, denunciou Artur, lembrando que ao mesmo tempo escondem que parte das terras da Cutrale foram tomadas ilegalmente pela empresa. Nos próximos dias, informou, as seis centrais sindicais e o MST farão uma denúncia formal sobre a perseguição e morte de sindicalistas à OIT em Genebra.
Na mesa Desafios e Perspectivas para a organização sindical, que compartilhou ao lado da coordenadora da Fetraf, Elisângela Araújo, Artur lembrou que acompanha o segmento desde antes da constituição da Federação, no primeiro Encontro da Agricultura Familiar, e que sempre foi defensor da liberdade e da autonomia sindical. ?Precisamos reconhecer e respeitar as diferenças entre a agricultura familiar e os assalariados rurais?, declarou, frisando que, no último Congresso da CUT, foi firmado o compromisso de aprofundar o debate sobre a organização dos rurais dentro da Central. ?Eu sou um defensor da unidade?, sublinhou.
A coordenadora Geral da Fetraf-Brasil, Elisangela Araújo, destacou a importância da consolidação da entidade como ?instrumento cutista de luta que afirma um modelo de sociedade mais justa, de efetivação do homem e da mulher no campo?. Para completar a coordenadora defendeu maiores investimentos em programas de formação das novas lideranças, ?pois a vontade e o entusiasmo que temos reflete nossa necessidade de transformação. Nossa ideologia é o centro e precisamos estar qualificados para o embate?.