O segundo dia do 2º Festival Nacional da Agricultura Familiar (FENAF), realizado nesta quarta-feira (26), foi marcado por painéis sobre crédito, cooperativismo, quintais produtivos e políticas de dignidade no campo. As atividades reuniram representantes do Banco do Nordeste e Banco da Amazônia,
votação e novas propostas, aprofundando discussões essenciais para o fortalecimento da agricultura familiar em todo o país.
O primeiro painel do dia contou com a presença de Vagner Castro, gerente executivo do Agroamigo, programa de microcrédito rural do Banco do Nordeste (BNB). Ele abriu os trabalhos destacando a importância da parceria entre a instituição e a CONTRAF-Brasil, reforçando avanços no acesso ao crédito para agricultores e agricultoras familiares.
Vagner apresentou modalidades de financiamento e programas voltados ao fortalecimento da produção, especialmente das mulheres rurais, “Trouxemos todas as possibilidades de crédito: quintais produtivos para as mulheres, agroecologia, PRONAF, melhorias sanitárias. Nosso papel é simplificar os procedimentos e executar o crédito de forma clara e direta, como a população precisa”, afirmou.
O consultor César Oliveira, do Programa Da Terra à Mesa (MDA/IICA), também participou do painel e explicou que a mesa tratou das principais linhas operadas no Nordeste via AgroAmigo e CrediAmigo, reforçando a relevância dessas ferramentas para a inclusão produtiva.
Entre as propostas apresentadas, destacou-se a necessidade de garantir que a idade avançada ou o recebimento de benefícios sociais não sejam impeditivos para que os agricultores e agricultoras possam acessar o financiamento. Foi ressaltado o ponto de que a luta deve ser para assegurar que a idade, especificamente, não se torne uma barreira de acesso às políticas públicas, em particular ao crédito. Todas as propostas discutidas e apresentadas foram votadas e aprovadas por unanimidade pelo plenário do evento.
No período da tarde, o painel “Quintais Produtivos e Mulheres da Roça” trouxe discussões sobre autonomia feminina, diversidade produtiva e a expansão das políticas voltadas às mulheres rurais.
A palestrante Daniela Santos, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), abriu o debate com uma fala potente sobre identidade, ancestralidade e construção de políticas através das lutas das mulheres.
“As políticas que discutimos aqui não são dádivas. São conquistas históricas das mulheres do campo, das águas e das florestas, fruto de lutas como a Marcha das Margaridas e a marcha das mulheres negras”,
pontuou.
Daniela também detalhou o programa Quintais Produtivos, destacando sua ampliação e metas. “Mais de 16 mil quintais já foram implementados desde 2023. A meta é chegar a 90 mil. É uma política que valoriza a autonomia produtiva da mulher e reconhece sua diversidade de trabalho e de território.”
Delegações apresentaram novas propostas, incluindo a criação de um aplicativo para mulheres agrônomas venderem e divulgarem sua produção, ampliando a visibilidade e a comercialização dos quintais. As sugestões foram discutidas e aprovadas ao final do painel.
O painel seguinte, “Dignidade no Campo e Bem Viver”, trouxe reflexões sobre acesso a direitos básicos, bem-estar e condições estruturantes para a permanência das famílias no campo. A representante do Banco da Amazônia, Flávia Castro, relembrou o público ao a história de criação do crédito rural voltado à agricultura familiar, que são frutos de lutas e mobilizações, “Crédito rural existia, mas não existia crédito adequado para os agricultores familiares. Foi conquista de ocupações, marchas e gritos da terra. Tudo que temos hoje é resultado de luta, não favor”, destacou.
Flávia ressaltou que dignidade no campo começa por acesso a direitos essenciais, “Quando falamos de dignidade, falamos de acesso ao básico: saúde, alimentação, vacinação, escola, proteção das crianças. É disso que estamos falando.”
Durante todo o dia, a Feira Nacional da Agricultura Familiar seguiu em ritmo intenso, oferecendo ao público produtos agroecológicos, artesanato, gastronomia regional e sabores vindos de todas as regiões do Brasil. O espaço segue funcionando todos os dias até as 22h.
A programação cultural da noite ficou por conta do cantor João Nabath, que animou o público com muito piseiro e sertanejo. A apresentação encerrou o segundo dia do festival em clima de festa e integração entre as delegações. O festival ocorrerá até o dia 27 de novembro, das 9h às 22h.