Na noite do último sábado (28/08), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado do Pará (Fetraf-Pará) realizou o encerramento do curso Jovens da Agricultura Familiar em Formação (JAFF), um curso de qualificação e capacitação com a juventude, com foco na sucessão rural e valorização do trabalho no campo.
O encontro que aconteceu de forma virtual, foi um momento regado à muita emoção, em que os alunos, professores, representantes de entidades parceiras, da Fetraf-Pará e da Contraf-Brasil/CUT puderam refletir sobre o processo de construção do JAFF e sua importância para formação da juventude agricultora paraense.
A diretora da Fetraf-Pará Noemi Gonçalves conduziu a atividade e em sua fala anunciou que a primeira classe a concluir o curso JAFF foi carinhosamente batizada de “Turma Vívia Oliveira”, uma homenagem à companheira de luta Viviane Oliveira, que foi uma das principais idealizadoras do curso de formação.
“Nós, da Fetraf-Pará estamos muito felizes em estarmos aqui hoje concluindo este projeto que deu muito certo. Eu e Vívia desenhamos juntas o JAFF e foi um desafio muito grande para todos nós e não tenho dúvidas que vamos dar continuidade a ele. Agradeço a cada companheiro e companheira que participou e colaborou nessa construção e peço um minuto de silêncio em homenagem nossa Vívia que, infelizmente, não pode ver a concretização deste sonho”, disse.
O diretor de Juventude da Fetra-Pará, Jorge Benício relembrou que Vívia deixa um legado importante na história da Fetraf. “Completamos um mês sem nossa companheira de luta, mas ela deixa um aprendizado riquíssimo para todos nós e, sem dúvidas, a Fetraf seguirá investindo na formação da juventude”, informou.
Um dos mediadores do curso, Marcelo Piccin, falou em nome do Instituto Rede Terra, entidade sem fins lucrativos que colaborou na construção do JAFF.
“Nós, enquanto Rede Terra, fomos desafiados junto à Fetraf-Pará a realizarmos o JAFF. Compreendemos que ter momentos de formação voltada à juventude é fundamental, principalmente em uma organização grande como a Fetraf. Infelizmente, a pandemia impediu de nos reunirmos pessoalmente, mas não nos impedirá de seguirmos caminhando na luta, pois o processo de formação deve ser contínuo. Vívia, Noemi e os demais companheiros da direção da Fetraf entenderam a importância da formação. Vívia nos deixa um importante legado como mulher, dirigente e sindicalista e a Rede Terra deseja que a Fetraf siga sempre neste caminho. Contem conosco”, disse.
Já a coordenadora pedagógica do curso, Jenifer Medeiros relembrou como foi o início dessa jornada e reforçou a importância de as entidades sindicais investirem na formação dos jovens. “A pandemia mostrou que a vida muda e a gente se reorganiza. Entendemos de perda e de saudade e penso que o JAFF foi um aprendizado muito grande. É nosso dever é compartilhar conhecimento e foi maravilhoso e notável ver o crescimento de todos vocês a cada encontro. Conseguimos alcançar muitos níveis junto a essa turma maravilhosa e Fetraf reconheceu a importância do protagonismo da juventude”, afirmou.
“Me solidarizo a cada um de vocês pela mudança nos planos e para nós, professores, não tem presente melhor do que ouvir e presenciar o crescimento de nossos alunos”, ponderou a professora Givania Maria.
Em seu discurso, o professor Mateus Soares parabenizou os jovens pela iniciativa e empenho em participar do JAFF. “Vocês foram revolucionários quando decidiram participar e colaborar na formação de um espaço de debates políticos. Com isso, vocês estão mudando o país e o espaço em que vivem. Aprendi muito com a Turma Vívia Oliveira e atuação e crescimento de cada estudante foi lindo de ver. Espero continuar compartilhando conhecimento e faço aqui um apelo para que não se esqueçam dos estudos”, declarou.
Para o estudante Sandro Vitor, o JAFF foi o pontapé inicial para seu ingresso no no movimento sindical e social. “Através do JAFF tive a oportunidade de estagiar no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Novo Repartimento e hoje sou vice-presidente deste importante sindicato. Estamos vivenciando tempos difíceis, mas seguiremos firmes contribuindo com nosso sindicato e com a Agricultura Familiar”, disse.
Natália Oliveira, filha de Vívia Oliveira, se emocionou ao falar sobre o curso. “Falar sobre o JAFF é falar também sobre a minha mãe. Fico orgulhosa de ver a conclusão de um sonho dela, mas infelizmente ela não está aqui hoje para ver a concretização deste sonho. Tudo que ela se propunha a fazer era feito com amor e dedicação. Me lembro que ela chegava feliz em casa contando sobre o JAFF. Minha mãe sabia dos desafios, principalmente na área da Agricultura Familiar e por isso deu início a isso tudo. Ela deixa um importante legado que vamos sempre lembrar”.
A diretora da Contraf-Brasil CUT e diretora Estadual de Juventude da CUT Paraná Josenilda Ferreira falou sobre a alegria em participar do momento tão especial e simbólico de encerramento do JAFF. Em sua fala, ela contou um pouco sobre sua trajetória no movimento sindical.
“Sou filha de agricultores e iniciei no movimento sindical por meio em um curso de formação, por isso me enxerguei nas falas de vocês em muitos momentos. Digo sempre para juventude sonhar e para mim é motivo de orgulho poder de ouvir os relatos e os sonhos realizados durante este curso de formação. A juventude não é apenas o futuro, mas é também o presente, por isso, é preciso estar sempre em movimento e tenho certeza que a Fetraf-Pará alcançará grandes feitos e muitos jovens com esse importante projeto sonhado pela companheira Vívia.”, disse a dirigente.
Sobre o JAFF
Esta é a primeira edição do curso Jovens da Agricultura Familiar em Formação (JAFF) e ao todo, mais de 50 alunos participaram. No curso, os jovens discutiram desde os assuntos sobre tecnologia, sucessão rural, produção e comercialização, como também as políticas públicas para a Agricultura Familiar.
Foram quatro módulos que totalizaram 84hrs de atividades, sendo que 56 delas foram realizadas presencialmente e outras 24 de forma remota devido a pandemia de Coronavírus.
O curso que é uma parceria da Fetraf-Pará com o Instituto Rede Terra teve início em 2019. As aulas aconteciam aos finais de semana nos municípios de Marabá e Parauapebas, com intervalo de até três meses entre cada módulo. Entretanto, devido a pandemia e o falecimento de Vívia, teve o cronograma modificado.
Os estudantes receberão o certificado e a expectativa agora é que a Fetraf-Pará aprofunde ainda mais os debates sobre formação e realize novas edições do JAFF.
