Aproximadamente 150 famílias acampadas desde 20 de janeiro deste ano, em terreno pertencente à Secretaria de Patrimônio da União (SPU) foram despejadas do local em ação do governo do Distrito Federal (GDF). A FETRAF-DFE, que já negociava a transferência da área para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) conseguiu o intento somente após o despejo. Entretanto, as famílias estão impedidas de permanecer às margens da rodovia BR-330, à espera da realização da reforma agrária.
Hoje, (15) Francisco Miguel de Lucena, Chiquinho, coordenador Geral da FETRAF-DFE, tenta negociar com o governo a permanência das famílias às margens da rodovia, próximo a Itapoã, despejadas no último dia 27 de janeiro da área da SPU.
De acordo com o coordenador, o objetivo é que as famílias permaneçam no local até que a transferência da área seja feita para o INCRA.
As negociações com a Secretaria iniciaram três dias após a ocupação. Embora Lucia Helena de Carvalho, superintendente da SPU tenha concordado em transferir parte da área para o Instituto ela propôs também a desocupação da mesma.
“Lucia Carvalho propôs que desocupássemos a área para transferir 360 hectares para o INCRA fazer o assentamento das famílias. Enquanto o cidadão que ocupa a fazenda por meio de concessão de uso - que nunca foi paga - ficaria com cerca de 300 hectares. Concordávamos com a decisão, mas não com a desocupação. Queríamos que a transferência, o trâmite burocrático, fosse feito com as famílias organizadas dentro da área, mas com o processo de desocupação, elas acamparam às margens da estrada”.
Denúncia
A FETRAF-DFE, que tem mais de 2.500 famílias concentradas em nove acampamentos somente no Distrito Federal, tem feito denúncias sobre loteamento irregular. Ao coletar provas, um dossiê será entregue à presidência da República, Secretaria de Direitos Humanos e Ministério da Justiça.
“Tem pessoas do aparato da segurança pública grilando terras. Esses grileiros se apropriam da terra pública para ganhar dinheiro e promover a especulação imobiliária. Enquanto isso, os trabalhadores, que ocupam áreas na luta pela reforma agrária, são vistos como invasores e ilegais", considerou.