Nenhum Estado do Brasil tem um percentual maior que Santa Catarina quando o assunto é o uso de agrotóxicos na produção agrícola. A informação faz parte do novo Censo Agro divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (25), com informações referentes ao ano de 2017. Conforme a pesquisa, 70,7% dos estabelecimentos agrícolas de Santa Catarina utilizam agrotóxicos, enquanto a média no Brasil fica em 33,1%.
O crescimento no uso de agrotóxicos também foi notado no Brasil, onde houve um aumento de 20% em relação ao último Censo Agro, de 2006. Em 11 anos, o número de fazendas que declararam usar agrotóxicos cresceu 20% no país, alcançando a marca de 1,7 milhão em 2017.
Diretor de cooperativismo e agronegócios da secretaria de Estado de Agricultura, Pesca e Desenvolvimento Rural, Athos de Almeida Lopes Filho faz algumas ressalvas em relação ao dado. Ele aponta que Santa Catarina possui lavouras mais produtivas que o outros Estados do Brasil e uma produção mais tecnificada, com mais acesso aos agrotóxicos.
— Em contrapartida a pesquisa mostra que entre os agricultores que usaram defensivos o percentual que recebeu orientação técnica é de 70% [SC é o segundo Estado do Brasil com maior proporção de fazendeiros que recebem orientação técnica] e a taxa de alfabetização do agricultor catarinense é a maior do Brasil. Então mostra que o uso de defensivos aqui não é sem regulação, é bem orientado, são atendidos com assistência — explica.
O uso de agrotóxicos na lavoura catarinense foi um dos temas mais polêmicos do ano. Gerou irritação no agronegócio a decisão do governador Carlos Moisés (PSL) de aumentar a tributação de impostos sobre os agrotóxicos, indo na contramão das políticas nacionais do presidente Bolsonaro, do mesmo partido.
Em agosto, o governo do Estado se reuniu com diversas entidades e decidiu o plano para os agrotóxicos em SC, com a isenção de ICMS para os defensivos mantida até 31 de dezembro e uma tributação escalonada, de acordo com o potencial agressivo de cada produto ao meio ambiente, a partir de janeiro de 2020.