Ao enfrentar problemas por falta de crédito e investimentos, no mercado institucional para comercialização dos produtos, além do desmonte das políticas públicas que a agricultura familiar vem sofrendo no último período, a pandemia agravou ainda mais situação de produção no campo.
Nesse contexto, a Contaf-Brasil, em conjunto com os demais movimentos do campo, das águas e das florestas tem defendido uma proposta de socorro aos agricultores familiares, sobretudo uma proposta de socorro para toda a população brasileira.
“Temos afirmado para as autoridades do país, senadores, deputados que a nossa atividade, tão nobre e tão essencial para toda a população, já que produzimos mais de 70% dos produtos que compõem a cesta básica de todos os brasileiros, necessita de medidas de crédito emergencial. Esse setor tão importante na produção de alimentos é fundamental para garantir a soberania alimentar do nosso país, mas infelizmente está sendo negligenciado pelas autoridades do ponto de vista do debate do socorro para as famílias que estão passando por dificuldade”, pontuou Marcos Rochinski, coordenador Geral da Contraf-Brasil.
O Projeto de Lei 735/2020, que trata do crédito emergencial para a agricultura familiar e que tinha, pela segunda vez, data para ocorrer, foi adiado na última terça-feira (30). Estruturado em quatro eixos fundamentais, sendo o crédito emergencial; fomento à atividade produtiva; renegociação de dívidas e; apoio à comercialização, de forma a garantir em todo acesso a crédito o diferencial em projetos organizados/executados por mulheres, os agricultores familiares seguem na expectativa de votação na próxima terça-feira (7).
“Nós temos falado, alertado as pessoas de que essas medidas, embora sejam voltadas para a agricultura familiar, elas são para toda a sociedade. A produção de alimentos está ameaçada. Se o PL 735 não for votado e, sobretudo implementado em caráter de urgência, além das mortes causadas pelo coronavírus teremos a fome mais uma vez como inimigo de grande parte da população brasileira”, alertou Rochinski.
A Organização das Nações Unidas já expôs a preocupação, a maior agência humanitária da ONU, o Programa Mundial de Alimentos (WFP), (na sigla em inglês), alertou que no Brasil, a estimativa é de que cerca de 5,4 milhões de pessoas passem para a extrema pobreza em razão da pandemia. O total chegaria a quase 14,7 milhões até o fim de 2020, segundo estudos do Banco Mundial.