Previsto por lei desde 1993, mas regulamentado apenas no final do ano passado, o Plano Safra Estadual foi lançado pela primeira vez nesta segunda-feira (25) pelo governo do Rio Grande do Sul. A atividade responsável por 70% da produção de alimentos dos brasileiros terá no Estado um incremento de R$1,1 bilhões para linhas de financiamento junto às instituições públicas (Banrisul, Badesul e BRDE). O anúncio foi feito no pequeno município de Sério, na região do Vale do Taquari.
O presidente do Banrisul, Flávio Lammel, disse que o Plano Safra simboliza o resgate do acesso ao crédito rural na instituição pública “com força total”. Ele informou que foi criada uma superintendência especial para crédito rural no banco. “Por anos o Banrisul ficou fora desta política. Mas, nesta safra de 2011- 2012, vamos voltar ativamente. Não é possível que num Estado com 90% do PIB vindo da atividade rural, o banco estadual ficar fora destes investimentos”, falou, durante o evento de lançamento do plano.
A versão gaúcha do Plano Safra 2011-2012 irá possibilitar também crédito fundiário para 100 jovens das escolas técnicas agrícolas, a construção de 13 telecentros rurais e a contratação de 200 novos técnicos para a Emater e 60 para a Fepagro (Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária). “Os ganhos virão da ciência e da tecnologia permitirão o desenvolvimento do Estado”, disse o secretário de Agricultura, Luiz Fernando Mainardi.
Na ocasião, foi assinado um acordo de cooperação entre o governo estadual e o Ministério do Desenvolvimento Agrário para a utilização das políticas de incentivo à agricultura familiar previstas no programa federal Brasil Sem Miséria. A parceria permite incluir produtores gaúchos em ações federais, como o Programa de Aquisição de Alimentos e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Segundo a secretária-executiva do ministério do Desenvolvimento Agrário, Márcia da Silva Quadrado, 20% dos recursos de financiamento do Pronaf vêm para o RS. “Com a versão nacional do Plano Safra 2011-2012, governo já liberou desde o dia 1º de julho R$ 16 bilhões, sendo que R$ 3 bilhões são para o RS”, informou.
Plano tem que ser ponto de partida
Segundo o dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Frei Sérgio Goergen, a iniciativa é uma conquista para o setor, pois cria mecanismos para garantia de renda. Frei Sérgio alerta que ainda existem outras demandas a espera de resoluções. “Este plano não pode ser visto como ponto de chegada. É um ponto de partida, é o principio das ações de valorização dos camponeses. Temos problema na área do fumo, 100 mil agricultores que produzem fumo no Estado estão em situação difícil e ainda ficará pior”, afirmou.
Para o coordenador geral da Fetraf-Sul, Celso Ludwic, é importante garantir o acesso à internet na roça como alternativa ao êxido rural. “Os jovens têm que ter atrativos para se desenvolver no campo não abandonar a produção”, defendeu.
Os agricultores também pediram investimentos em acesso asfáltico para melhorar a logística dos produtores aos centros de comercialização e melhorias na rede de armazenamento dos alimentos.
* Fonte Sul21