A realização do workshop nos dias 5 e 6 desta semana, montada pelo Governo Federal, para dialogar com os Movimentos do Campo Unitário, não encaminhou avanços significativos na construção de diretrizes e continuidade das políticas da reforma agrária e desenvolvimento rural.
Segundo a avaliação do coordenador geral da CONTRAF BRASIL, Marcos Rochinski, as lideranças dos movimentos sociais do campo saíram frustrados. “Não esperávamos ver apenas um processo de avaliação das políticas públicas. Queremos uma posição do centro do governo, ou seja, do ministro chefe da casa civil, do planejamento, da fazenda, em afirmar quanto teremos e em que condições a agricultura familiar e reforma agraria vão poder contar, para fazer o processo de reestruturação das políticas”, avalia Rochinski. (Acesse e escute na íntegra o posicionamento da CONTRA BRASIL)
De acordo com a CONTRAF BRASIL, os movimentos continuam com intensas cobranças sobre o orçamento para as políticas de desenvolvimento agrário. Caso as negociações não avancem, os movimentos devem organizar atos políticos por todo o país.
“Se não houver definições e diálogo vamos para às ruas, pois parece que só através de pressão esse governo se dispõe a conversar seriamente com os movimentos sociais organizados”, acrescenta o coordenador. (Acesse e escute na íntegra o posicionamento da CONTRA BRASIL)
CONTRAF BRASIL pede ao governo mais efetividade na construção das políticas agrárias
O encontro não passou de apresentações, da mesa, composta por Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário e INCRA , sem definições concretas do que a Agricultura Familiar terá de orçamento para 2017. O questionamento pertinente das lideranças sindicais foi de como planejar sem saber os recursos para investir, ampliar e manter programas.
"O que nós temos de políticas para a Agricultura Familiar neste país, não é pouco. Então essa avaliação do governo de colocar como se nada tivesse sido feito ou acontecido é equivocada. Se hoje somos reconhecidos mundialmente e referência em agricultura familiar é porque nos mobilizamos e conquistamos com muita luta estes espaços. O que precisamos, agora, é avançar e saber do governo o que teremos de orçamento para reconstruir nossas políticas, pois propostas temos em todas as áreas", apontou Marcos Rochinski coordenador geral da CONTRAF BRASIL.
Outro agravante no evento, foi da ausência do Ministro da Casa Civil Eliseu Padilha, que tinha confirmado a sua presença, porém faltou ao workshop.
“A ideia era que o governo pudesse nos dá respostas da pauta que foi construída pelos movimentos sociais e entregue durante a Jornada de Lutas em setembro. Estamos saindo sem os resultados que esperávamos, no entanto, esse momento foi importante para dizer que nós, do movimento unitário do campo, não vamos aceitar uma governança sem diálogo. Não estamos aqui para brincar”, avaliou a coordenadora da secretaria geral da CONTRAF BRASIL, Josana de Lima.
Jornada de Lutas Unitária dos Trabalhadores e Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas
A jornada foi organizada por Movimentos populares, sindicais e pastorais, que aconteceu em todos os estados do País, com grande concentração em Brasília, nos dias 5 a 7 de setembro, deste ano.
A questão agrária foi a pauta principal da jornada, como a reivindicação de assentamento imediato das mais de 120 mil famílias acampadas em todo o País. A defesa da produção de alimentos saudáveis e de políticas de transição para a agroecologia foram também alguns dos destaques da pauta de reivindicações. Outro ponto foi relacionado ao desenvolvimento e infraestrutura no campo, como o fortalecimento de programas estruturantes, assistência técnica e demais programas que garantem a produção da agricultura familiar e camponesa.
Durante a mobilização, os movimentos tiveram audiências com os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha; da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima; do Planejamento, Dyogo Henrique de Oliveira; com o secretário nacional da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, José Ricardo Ramos Roseno, e com o presidente do Incra, Leonardo Góes.
No período, a resposta do governo foi de que iria analisar as propostas e o diálogo iria avançar em um segundo momento, tal qual os movimentos aguardavam.