No auditório Freitas Nobre, na Câmara Federal, por volta das 9h, foi lançada a Frente Parlamentar Mista pela Educação no Campo, que terá o objetivo de promover o aperfeiçoamento das políticas públicas relacionadas à educação no meio rural e, aprimorar as legislações federais relacionadas ao tema.
A ideia é que a Frente promova o diálogo com órgãos e entidades relacionados à educação do campo visando promover a cooperação e integração dos mesmos com o Congresso Nacional, além de estimular a participação ampla e democrática da sociedade civil nas discussões sobre o papel estratégico da educação específica para a população do campo no desenvolvimento do país.
Durante o lançamento Elisângela Araújo, coordenadora Geral da FETRAF-BRASIL explicou que entidade defende um modelo educacional diferenciado para agricultores familiares e assentados da reforma agrária, que estimule a permanência no campo ao passo em que não obriga a saída do meio rural em busca de políticas públicas que não devem ser privilégios apenas da população urbana.
“A nossa defesa é de uma educação do campo com sustentação, com o reconhecimento da realidade do trabalhador e trabalhadora que estão vivendo, produzindo no espaço rural, e conhecendo essa realidade de pobreza e grandes desigualdades sociais e de dificuldades de acesso às políticas públicas”, discursou.
De acordo com a coordenadora, a educação no campo é um desafio, a começar pelo acesso às escolas que ficam longe das casas. “São horas gastas no trajeto casa/escola. As crianças não podem ser levadas para estudar na cidade, fora de sua realidade. Lutamos por uma educação que leve conhecimento, cultura, saberes locais e aprimoramento para quem é do campo. Além disso, é preciso acabar com o estereótipos de que quem vive no campo, não tem perspectivas”, ressaltou.
Durante a Jornada Nacional de Lutas da Agricultura Familiar, que ocorreu em maio deste ano, em audiência com Fernando Haddad, ministro da Educação, a FETRAF-BRASIL expôs a necessidade construir um projeto de educação adaptado à realidade do campo. O ministro, que sairá em Caravana pelo país para visitar as experiências exitosas da FETRAF no que se refere à educação, irá criar também o Programa Nacional do Livro Didático do Campo.
A educação no campo nasceu com a mobilização, a pressão dos movimentos sociais por uma política educacional para as comunidades camponesas. Essa vertente especifica, nos últimos anos vem conquistando espaço, sendo incorporada às políticas públicas. “Para nós, o projeto de educação no campo pressupõe a sua sustentabilidade em termos econômicos, sociais e culturais. Uma educação que contribua para novas perspectivas de desenvolvimento e oportunidade, para qualificar, para preparar para a vida em família, no trabalho e na sociedade” ponderou Elisângela.
Sem esquecer a importância da educação para garantir a fixação da juventude no campo, e consequentemente a sucessão nas propriedades da agricultura familiar, o objetivo é que o didática formadora valorize o meio rural para que as pessoas não se envergonhem de dizer que são da roça, para que possam ter dignidade e o orgulho de ser produtor. “Só assim teremos um Brasil Rural cada vez melhor e com gente”, concluiu Elisângela.
Integram a Frente representantes do Senado Federal, do Ministério da Educação (MEC), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), representantes da Via Campesina, da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag); do Fórum Nacional pela Educação do Campo (CEFFA/FONEC) e representantes das Frentes Parlamentares da Agricultura Familiar, da Economia Solidária e da ATER.