Escrito por Fernanda Silva
Foto: Fernanda Silva e Luiz Carvalho
Nas ruas da capital federal, 10 mil trabalhadores do campo, das águas, das florestas e da cidade marcharam em luta pela reforma agrária acesso à terra, água, pelo fortalecimento da agricultura familiar e dignidade aos povos nesta quarta-feira (22).
Depois de dois dias de intensas discussões no Parque da Cidade sobre a política de desenvolvimento do país que não prioriza a categoria responsável pela produção de alimentos, defensora do meio ambiente, e de políticas públicas que garantam qualidade de vida à população, os manifestantes foram mostrar ao governo a necessidade de implantação de um novo conceito de progresso.
Em discurso, na concentração dos movimentos em frente ao Congresso Nacional, Elisângela Araújo, coordenadora Geral da FETRAF-BRASIL, falou sobre a junção dos movimentos em torno das bandeiras de luta para mostrar o potencial organizativo e avançar na conquista dos direitos da população.
“Os companheiros e companheiras aqui presente compreenderam a importância da unidade. Nós estamos aqui para mostrar que sem reforma agrária, sem a agricultura familiar e camponesa, sem condições para produzir, não se faz desenvolvimento. Estamos na busca por mais dignidade no campo e esse foi só o primeiro passo. Vamos fazer muito mais para que esse setor seja respeitado como setor econômico e também, como responsável pelo desenvolvimento desse país”, disse Elisângela.
A realização do Encontro Unitário dos Trabalhadores e Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas que ocorreu de 20 a 22, foi uma ação organizada desde o começo do ano com a realização de reuniões e seminários.
Nesse processo é que a unidade dos movimentos foi construída em tornos de grandes temas. De acordo com Lázaro Bento, coordenador de Reforma Agrária da FETRAF-BRASIIL, a unidade dos grupos deve se manter.
“Nós atingimos o objetivo que era colocar as 10 mil pessoas aqui em Brasília, num esforço de todos, para dar um recado ao governo Dilma sobre o nosso descontentamento e insatisfação do povo. Esperamos que ele [o governo] mostre resultados das nossas demandas que estão paradas nos ministérios para que ele chegue às bases, aos agricultores familiares, assentados da reforma agrária, quilombolas, pesadores”, avaliou o coordenador.
Após a marcha, que percorreu do Parque da Cidade e até o Palácio do Planalto, e a realização do ato em frente ao Congresso, Willian Clementino, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) disse estar orgulhoso do conjunto dos trabalhadores em luta “e da construção política que proporcionou o ato”.
Declaração dos Povos
Durante os dois de atividade, os movimentos produziram um documento chamado Declaração do Encontro Nacional Unitario dos Trabalhadores e Trabalhadoras e Povos do Campo, das Aguas e das Florestas .
No documento, entregue à Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, consta a democratização do acesso à terra, fomento à produção agroecológica como alternativa de contraposição ao modelo do agronegócio, assim como a necessidade de políticas públicas estruturantes, reformulação da política de crédito, acesso à pesquisa, assistência técnica e a formação adequada à agricultura familiar.
O documento assinala também como exigência a consulta aos povos atingidos por empreendimentos como usinas hidrelétricas.
Elisângela Araújo e Carmen Foro vice presidente da CUT realizaram a entrega.