Ciclo encerra com debate sobre reorganização sindical e alerta para crise estrutural no movimento da agricultura familiar

25/11/2025 - 17:54

O ciclo de debates da Contraf-Brasil foi concluído no dia seis de novembro com a temática Organização Sindical e Auto Sustentação, fechando uma série que revisitou desafios históricos da agricultura familiar e apontou novos caminhos para o fortalecimento do movimento. Depois de discutir reforma agrária, produção, organização das mulheres, juventude e dignidade no campo, o último encontro tratou do eixo considerado decisivo para que todas as outras pautas avancem: a sustentação política, administrativa e financeira das organizações sindicais.

 

Lázaro avaliou que o sindicalismo vive um momento totalmente distinto das décadas anteriores, marcado por transformações econômicas, tecnológicas e pela redução drástica das receitas. Em sua fala, destacou que “o grande desafio é reorganizar novamente o movimento sindical… se não tivermos um processo diferenciado, dificilmente vamos conseguir fortalecer o movimento”. 

 

Ele também alertou que o modelo baseado quase exclusivamente no desconto de aposentados chegou ao limite: “Dependendo só do desconto dos aposentados, teríamos vida curta e foi o que aconteceu.”

 

As lideranças apontaram que a crise não é isolada, mas afeta sindicatos, federações e a confederação como um todo. Rosane lembrou que o sindicalismo atravessa um “reencontro consigo mesmo” após diferentes fases históricas, e reforçou que a base só se engaja quando o sindicato tem utilidade concreta na vida do agricultor, oferecendo serviços, apoio produtivo e orientação técnica.

 

Ariel defendeu padronização administrativa e fortalecimento da comunicação digital, além de resgatar o papel organizativo dos sindicatos na execução de políticas como PAA e PNAE. Já Amélia apresentou o avanço no processo de registro e adequação estatutária das federações, considerado essencial para garantir legitimidade e sustentabilidade ao sistema sindical.

 

O debate reforçou que a reconstrução do sindicalismo passa por três frentes centrais: redefinir o modelo de financiamento, modernizar práticas e linguagens e consolidar estruturas organizativas alinhadas à agricultura familiar. A proposta de ampliar a contribuição estatutária das entidades, debater um novo modelo de arrecadação e padronizar serviços ganhou força como pauta para o próximo congresso da Contraf.

 

Ao concluir o ciclo iniciado em vinte e um de outubro, as lideranças destacaram que todos os debates convergiram para a necessidade de reorganização interna desde a reforma agrária até a juventude, desde a produção até o bem viver. O encontro final reforçou que sem um movimento sindical forte, sustentável e articulado, nenhuma das outras agendas estruturantes avança.

 

Com o ciclo encerrado, as discussões agora seguem para o 6º Congresso Nacional da Contraf-Brasil, apresentado pelas lideranças como o espaço decisivo para “refundar” o movimento e orientar os próximos anos de luta e reconstrução.