Os Agricultores Familiares do Paraná estão sofrendo com a estiagem que assola o Estado. Muitos deles já colheram o milho e a soja e sentem no bolso os grandes prejuízos causados pela intempérie climática.
O agricultor da linha Santa Luzia, do município de Nova Prata do Iguaçu, Augustinho Scariotto, colheu 30 sacas de soja por alqueire onde normalmente colhia 160 sacas na mesma área. Scariotto espera receber alguma ajuda dos governos Estadual e Federal. “Não podemos desanimar, nesta mesma área vou plantar trigo pensando em uma cobertura de solo e me preparar para o próximo plantio de verão, mas para isso precisamos de ajuda” desabafa.
Geovani Jaroseski, agricultor familiar de Santo Antônio do Sudoeste – PR, colheu 100 sacas de milho, 80% a menos do que era estimado. “Se não chover nos próximos dias vamos perder o milho safrinha também. Se os governos não ajudarem a agricultura, nós todos vamos acabar saindo do meio rural”, afirma Jaroseski.
Outra agricultora do município de Capanema – PR, comenta que além de reduzir a produção de leite em 40% , ainda sofre com a falta de água na propriedade. “Nós temos água somente para beber. Não podemos gastar lavando roupas e limpando a casa. Os animais estão bebendo a água do açude (que também está quase seco), pois na sanga só se vê pedras”, conta Elvira Smaniotto.
O secretário geral da FETRAF-SUL/CUT, Diego Kohwald, diz que os agricultores que estão colhendo suas lavouras não esperavam que os prejuízos fossem tão grandes. “Com essa segunda etapa sem chuva nesse começo de ano, o prejuízo dos agricultores familiares serão dobrados”, afirma Kohwald se referindo aos que plantaram a “safrinha”.
Algumas medidas foram listadas na pauta da Federação: criação de um programa de recuperação de prejuízos no valor de um salário mínimo por mês durante 6 meses, disponibilização de milho para alimentação animal, criação de um programa de incentivo à construção de cisternas, irrigação e preservação de fontes e minas naturais de água.
Programa Água e Qualidade de Vida pode ser solução
Em 2005 e 2010 a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (FETRAF-SUL/CUT) desenvolveu um programa chamado “Água e Qualidade de Vida” em vinte e oito municípios do Paraná. O lema do programa foi “Proteger a água é proteger a vida na Terra”.
O objetivo do programa é proteger as fontes de água nos municípios. O “Água e Qualidade de Vida” ultrapassou a meta e protegeu mais de 2000 fontes de água, superando as expectativas da Federação.
Veja alguns resultados do programa “Água e Qualidade de Vida”:
1ª Edição |
2ª Edição |
Período 2005/2007 |
Período 2008/2010 |
24 municípios de abrangência |
28 municípios de abrangência |
700 famílias beneficiadas |
1.200 famílias beneficiadas |
Plantio de 700.000 árvores nativas |
Plantio de 1.200.000 árvores nativas |
Esse é um dos projetos apontados como forma de amenizar os impactos da estiagem tanto no Estado do Paraná quanto nacionalmente. Agenor da Silva foi um dos agricultores beneficiados com o programa. “Nós quase não sentimos os efeitos da estiagem. Com a proteção da fonte temos água em abundância para a família e para os animais”, diz Agenor.
A FETRAF-SUL/CUT se preocupa com a perfuração de poços artesianos na região e apoia o projeto Água e Qualidade de Vida. “Nossa preocupação está na falta de controle e de estudos na perfuração destes, já que naturalmente se coloca em risco as propriedades abastecidas pelas minas naturais”, diz o secretário geral da Federação, Diego Kohwald.
A Federação acredita que programas como esses podem amenizar os problemas da estiagem no sul do Brasil e pode ser visto como uma política pública que protege os agricultores familiares dessa intempérie climática futuramente.
*Fonte: Aline Eberhard - IMPRENSA FETRAF-SUL