Entre os dias 28 e 30 de junho o Pará foi palco de debates sobre a Reforma Agrária e Meio Ambiente. Agricultores e Agricultoras de assentamentos e acampamentos reuniram-se para deliberar ações de enfrentamento contra as medidas de retrocesso em relação aos direitos já conquistados, como também reivindicar uma política agrária que atenda necessidades de desenvolvimento sustentável.
Vários atos marcaram o Encontro Estadual de Reforma Agrária no Pará, entre eles a caminhada na cidade de Marabá com a parada em frente ao prédio da Vale do Rio Doce. Mais de 500 agricultores e agricultoras protestaram contra as expulsões de famílias assentadas do seu território, poluições, desmatamento e exploração dos recursos naturais sem preservação ecológica que a Vale tem provocado por anos.
“São cinco assentamentos na região que sofrem com as ações da Vale, sendo eles da região de Parauapebas, Canaã, Carajás e Tucuruí, todas no Pará. As famílias foram expulsas e queremos o direito de poder assentá-las”, contesta Viviane Oliveira, coordenadora do Meio Ambiente da Fetraf.
No ato também houve protestos contra as medidas do governo que ameaçam os programas sociais como o ‘Minha Casa, Minha Vida’, ‘Bolsa Família’, entre outros. “ Não ao golpe, aos retrocessos sociais e direitos que conquistamos com muita luta”, foi o mote dos agricultores.
Os encaminhamentos dados pelos agricultores no encontro são:
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Ação de luta marcante a nível nacional com todos os estados que discutem reforma agrária e que as deliberações não fiquem apenas no papel, sejam de fato revestidas em ações;
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Realização de um Fórum sobre a violência no campo, no município de Redenção (PA), com todas as lideranças do sul e sudeste do Pará, que vivem sob o conflito agrário, a violência, ameaças de grileiros, grandes latifúndios e madeireiros;
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Desenvolver ações para que cheguem ao estado as linhas de crédito rural, pois há municípios que há cinco anos estão sem assistência. Alinhado ao assunto ampliar os acessos a estes créditos e informações as comunidades;
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Criação da cooperativa estadual de habitação, para os próprios agricultores terem autonomia na condução dos processos de construção das suas casas;
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Realização do Fórum Ambiental cm articulação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente para debater sobre regularização fundiária e apresentar denúncias de fraudes ambientais.
Segundo Viviane, o encontro pode proporcionar aos agricultores, assentados e acampados debaixo da lona a terem uma nova perspectiva e definir lutas emergenciais para a condição de vida do homem no campo. “ Eles puderam expor os problemas individuais de cada área. Sentamos com cada grupo e olhamos pauta por pauta para buscar soluções. Nesse momento podemos discutir com eles uma nova forma de viver e resistir na terra, como também a orientação de fazer o enfrentamento na construção de novas políticas públicas”, acrescenta a coordenadora.
Além da Fetraf, várias entidades ligadas aos movimentos do campo participaram do evento, como também os coordenadores e lideranças de sindicatos.
Texto: Assessoria de Comunicação Fetraf Brasil / Fotos - Fetraf-PA