A CONTRAF-BRASIL/CUT vem a público denunciar, com profunda indignação, revolta e luto, o covarde assassinato de SEBASTIÃO ORIVALDO DA FONSECA LOPES, agricultor familiar, acampado da reforma agraria, e companheiro histórico da luta pela terra.
Sebastião foi covardemente executado na Fazenda Campo de Boi, no município de Ipixuna do Pará, nesta manhã (07) de novembro. A região é marcada por conflitos agrários e por um histórico de violência patrocinada por grileiros, milícias e latifundiários. Sebastião deixa esposa e quatro filhos, que agora se somam às milhares de famílias enlutadas pela ausência de justiça no campo paraense.
Este não é um caso isolado. Só neste ano, já tivemos vários episódios de tortura: famílias inteiras amarradas em frente às suas casas enquanto jagunços ateavam fogo nas moradias; crianças torturadas por horas dentro de caixas d’água para que as famílias revelassem o paradeiro de lideranças destinadas à execução. Este é o resultado direto da omissão do Estado brasileiro, que, mesmo avisado reiteradas vezes, nada fez para proteger as vidas ameaçadas.
A CONTRAF-BRASIL/CUT tem alertado o Governo Federal sobre as graves ameaças de morte que recaem sobre 39 lideranças da agricultura familiar e sobre a situação de mais de 15 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais que, há mais de 20 anos, vivem sob lonas pretas à espera de assentamento.
O que recebemos em troca? Mais um corpo tombado. Mais uma família destruída. Mais um crime impune.
Enquanto o mundo se prepara para a COP 30, que colocará a Amazônia no centro dos debates sobre o futuro do planeta, o Pará continua sendo palco de execuções, torturas e perseguições contra quem luta para proteger a terra, a floresta e a vida.
Falam em “justiça climática”, mas não há justiça climática sem justiça agrária. Não há “transição ecológica” possível com o sangue dos trabalhadores fertilizando o chão do Pará.
A CONTRAF-BRASIL/CUT exige ação imediata do Governo Federal, do INCRA, da Secretaria de Segurança Pública e das autoridades judiciais. Exigimos a prisão dos assassinos e dos mandantes, a proteção urgente das 39 pessoas ameaçadas e o assentamento imediato das famílias acampadas.
Não aceitaremos mais promessas vazias nem discursos ambientais desconectados da realidade de quem morre por defender a terra.
A cada assassinato, a cada bala disparada, o Estado se torna cúmplice. O Pará não pode continuar sendo cemitério de trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar.
Chega de impunidade, chega de conivência, chega de sangue derramado!
A luta pela terra é legítima.
A luta pela terra é justa.
A luta pela terra não vai parar.