A cidade de Chapecó sediou oII Seminário Educação no Campo – “Os desafios da educação no campo para o oeste de Santa Catarina: semeando sonhos e cultivando direitos”. As atividades aconteceram na Universidade Federal da Fronteira Sul-Uffs, com a participação de entidades do campo, sindicatos, estudantes e educadores. Entre os objetivos estava a discussão da conjuntura da Educação no Campo, as conquistas e políticas públicas no Brasil e em Santa Catarina.
Na abertura foi realizado uma mística convidando a todos a pisarem e arar a terra. Os jovens marcharam no corredor do auditório com ferramentas simbolizando o trabalho, juntos entoaram ‘Trabalhem, Produzam, Consumam’. Eles também compartilharam livros simbolizam a troca de saberes e o acesso ao conhecimento.
Na parte da manhã o pronunciamento das lideranças marcou o início dos trabalhos. A direção da PJ estadual Maristela Oliveira falou das motivações e do não reconhecimento ao governo interino. “FORA TEMER! Estamos aqui para debater a educação libertadora e inclusiva no campo”.
Segundo Andrioli, vice-reitor da Uffs, a universidade já avançou bastante no debate da inclusão das comunidades do campo, mas tem muito o que avançar ainda, inclusive em direção a outros grupos sociais excluídos. “É tempo de reafirmar as políticas públicas conquistadas pelos camponeses, agricultores familiares e comunidades tradicionais nos últimos doze anos. Vivemos um cenário de hegemonia do agronegócio e prevalecimento do capitalismo, que faz memorar o que diz o filósofo Karl Marx ‘’as forças de produção são ao mesmo tempo forças de exclusão’’.
Professor Elemar do Nascimento Cezimbra da Uffs Campus Laranjeira do Sul, mediador convidado disse que não é possível mergulhar no debate sobre a ‘Educação no Campo’ sem mencionar que em nossa história temos quatro séculos de escravidão e três séculos de colônia. “Olhar para isso é fundamental para perceber porque a educação no Campo tem a marca da luta. Ela surge como necessidade nos acampamentos do MST e acontece ali debaixo da lona preta. Porque a luta pela terra é uma luta da família, e esse modelo de educação é fruto das necessidades: do acesso à terra e acesso ao conhecimento. Mas, não pode ser um conhecimento qualquer, transmitido por um professor qualquer. Por isso momentos como o seminário tem caráter de grande proposição, numa fase da história em que ‘’O capital no campo é de um campo sem gente, sem sujeito, sem vida’’.
Em sua fala, o professor e Dep. Federal Pedro Uczai disse ser a invisibilidade uma das desgraças da educação no campo. “A história contada a partir dos colonizadores tem como propósito esconder o camponês, tão perceptível no uso sistemático de uma palavra expressiva usada nos municípios chamada emancipação. Todos os nossos municípios fazem questão de falar somente da história emancipatória, sem mencionar os caboclos, camponeses, porque para eles o único papel de ator social válido é a do colonizador”.
O seminário foi importante na avaliação dos participantes não só pelo momento conjuntural que o país se encontra, mas pelos debates que estão postos no plano nacional de educação, e ameaças presente nas políticas públicas, os recursos e fundos de manutenção educacional.
Escritor por, Secretária Geral e Comunicação Fetraf-SC/CUT