Trabalhadores do campo, da floresta e das águas de vários estados brasileiros juntos a movimentos sociais, organizações e entidades que representam a sociedade civil realizaram uma grande manifestação nesta segunda-feira 19, contra a violência no campo e pela democracia do país.
A atividade começou pela manhã com um seminário onde lideranças de várias organizações, parlamentares, representantes da justiça, secretários dos Governos do Estado e Federal, entre outros, estiveram presentes.
O dia foi marcado pelo ato que terminou com uma marcha contra os últimos assassinatos e a impunidade que continua a prevalecer. Em 2017, já são pelo menos 3 chacinas com cerca de 26 assassinatos. Os conflitos de Colniza em Mato Grosso com 9 vítimas; Vilhena em Rondônia com 3 vítimas; Santa Maria das Barreiras no Pará com 4 vítimas. Ainda, recentemente no município de Pau d'Arco no Pará, o caso com 10 vítimas; sem falar nos massacres como o ocorrido com o Povo de Gamela no município de Viana, no Maranhão, com 13 pessoas brutalmente feridas.
Para a CONTRAF BRASIL, o aumento dos crimes é fruto do descompromisso do Governo com a reforma agrária. “Precisamos mudar a política desse país, fazer com que a reforma agrária, a segurança, a educação a agricultura familiar seja uma agenda não apenas dos movimentos sociais, mas um projeto de Governo que saia do papel”, disse Marcos Rochinski, coordenador geral da CONTRAF BRASIL.
Durante o evento, os debates lembraram que a bancada ruralista, que apoia políticas do agronegócio, agrava os conflitos no campo por meio de medidas provisórias como a MP 759 – que modifica diretrizes legais sobre a regularização de terras urbanas e rurais no país, transferindo grande parte de terras públicas para o domínio privado.
“Precisamos ter consciência que o campo brasileiro, hoje, sobrevive de migalhas, porque o agronegócio, o grande capital, jamais deixou a agricultura familiar ter seu espaço no país. Quando um Governo destina 30 bilhões para o plano safra da agricultura familiar e libera 190 bilhões para o plano do agronegócio, percebemos o rumo que ele pretende para o país. Um Brasil que produz alimentos com veneno e expulsa comunidades de suas terras”, acrescentou o coordenador.
Além das organizações e movimentos sociais o Ato “Contra a Violência no Campo e pela Democracia” contou com o apoio de artistas nacionais. A ação demonstra o repúdio aos assassinatos no campo, a impunidade dos crimes. As mesas de debates abordaram temáticas como 'A conjuntura Política e Agrária e as Raízes da Violência no Campo', 'O contexto de criminalização das lutas e os Desafios dos Movimentos Sociais’.