As políticas brasileiras de incentivo à agroecologia foram apresentadas pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, a governantes, representantes da sociedade civil e acadêmicos de países da América Latina e Caribe. O ministro destacou, especialmente, o plano Brasil Agroecológico, o investimento em assistência técnica e extensão rural, e o aumento da comercialização.
A apresentação ocorreu, nesta quinta-feira (25), em Brasília, durante a abertura do Seminário Regional sobre Agroecologia na América Latina e Caribe, que segue até o próximo dia 26. O evento é promovido pelo MDA em conjunto com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (Reaf), a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e a Aliança pela Soberania Alimentar na América Latina e no Caribe (Aliança).
Patrus reafirmou que o País ainda vai investir muito em pesquisa, desenvolvimento científico, tecnológico e cultural para alavancar a agroecologia.
O representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, destacou o compromisso da organização em levar adiante as diretrizes finais do seminário. “Esse encontro faz parte de três grandes seminários a nível global. Estaremos também na África e Ásia”.
Para o representante da secretaria técnica da Reaf, Fernando Rodriguez, o tema dialoga com a questão do desenvolvimento do campo. “Consideramos de fundamental importância e um grande desafio a discussão desse formato de produção que pode impulsionar a agricultura familiar”, considerou.
Ao final do seminário, os participantes elaborarão uma declaração com diretrizes para o desenvolvimento da agroecologia na América Latina e Caribe, com sugestão de ações que possam contribuir para a discussão do assunto em diferentes fóruns de integração regional.
Participam do evento pesquisadores, governantes e representantes de movimentos de agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais.
A FETRAF esteve presente e destaca a importância da FAO nos últimos 20 anos que sempre construiu mecanismos de alinhamento através de propostas para o desenvolvimento da agricultura.
Celso Ludwig explica quais são os principais temas debatidos no seminário.
"Começou a ser construída uma nova perspectiva. Nunca se questionou quem produzia e nem como se produzia o prato com calorias mínimas necessárias para a população. Para a FETRAF e consecutivamente para a Agricultura Familiar, é preciso que a FAO prossiga nesse entendimento. Todos precisam ter acesso a este prato, mas o que contém nele e quem o produziu precisa ser discutido.
Então, não só no Brasil, mas no mundo, um dos principais problemas existentes é a questão da saúde pública, onde a obesidade, o câncer e várias outras doenças tem se alarmado. Por isso comer bem é sinal de boa saúde e aliado a isso, uma qualidade de vida maior. Mas afinal de contas o que é comer bem? Na opinião da FETRAF, a FAO precisa internalizar entre as instituições que é importante os agricultores familiares serem responsáveis pela produção desses alimentos. E essa informação deve chegar ao governo de todos os países para existir o acesso a alimentos saudáveis, sem o uso excessivo de agrotóxico. Então, desejamos que essa questão da agricologia, da produção de alimentos sustentáveis, passe a ser destaque nos próximos anos, para que haja um consumo adequado, com a quantidade mínima de uma alimentação saudável para o mundo. Porém estes alimentos precisam ser produzidos de maneira sustentável, produzidos pela agricultura familiar.
A FETRAF tem lado, o lado do agricultor familiar, que certamente vai produzir alimento de qualidade e gerar emprego. E o primordial: vai fazer com que o nosso agricultor permanece na Terra, cuidando fundamentalmente da questão ambiental.
Essa participação em mais um seminário talvez não traga para hoje resultados significativos. Mas para os próximos 10 anos, podemos ter esperança de um mundo que vai procurar se alimentar melhor, de maneira mais saudável. Lutaremos por esse objetivo. Outra questão é a defesa do produto agricológico, sustentável. Tem que ser comprado por todos os trabalhadores, não pode ser um produto apenas para os ricos. É preciso fazer uma agricologia, uma produção de alimentos sustentáveis, acessível a todos. Esse será o maior desafio, pois a FETRAF trabalha nesse caminho.
É preciso que os mais de 4 milhões de agricultores permaneçam no campo produzindo esses alimentos de maneira sustentável. Isso não quer dizer que todo mundo tem que ser ecológico, mas sim que tenhamos essas práticas. E aqueles que poderem optar pela produção de alimentos ecológicos com qualidade, vão na verdade ajudar a cuidar da terra, lembrando que ela não é apenas nossa, mas daqueles que ainda estão chegando por aí".