Faltam menos de 15 dias para o V Congresso Nacional da Agricultura Familiar que, este ano, recebe o nome João Felício – uma homenagem ao companheiro de luta que além de professor e ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), foi defensor ferrenho da agricultura familiar e das demais bandeiras da base Contrafiana.
O V Congresso Nacional da Agricultura Familiar João Felício será realizado de forma virtual, nos dias 15, 16 e 17 de junho e a atividade tem como objetivo debater e deliberar sobre importantes pautas da luta camponesa, além de possuir caráter temático e eleitoral. Desta vez, as discussões previstas girarão em torno do tema “Agricultura Familiar: produzindo alimentos, gerando renda e protegendo vidas".
O coordenador Geral da Contraf-Brasil, Marcos Rochinski explica que a realização do Congresso é fundamental na atual conjuntura de retrocessos. O Brasil vive o maior colapso sanitário e hospitalar da história do país. Ao todo, mais de 460 mil vidas foram ceifadas pela Covid-19 e, sem a vacinação em massa e acelerada, a catástrofe sanitária ainda não dá sinais de trégua.
Marcos Rochinski ressalta ainda que com o aprofundamento da crise econômica durante a pandemia, agricultoras e agricultores familiares e diversas outras categorias perderam renda e as condições mínimas de vida.
Exemplo disso, está a contradição que a população vivencia diariamente. Se por um lado o campo brasileiro é o segundo maior exportador de alimentos do mundo, de acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC), por outro, três em cada quatro domicílios localizados em áreas rurais (75,2%) estavam em situação de insegurança alimentar entre agosto e dezembro de 2020, conforme estudo da Universidade Livre de Berlim publicado em abril.
E o cenário só piora. Ainda segundo o estudo, percentual de insegurança alimentar no campo supera o das cidades (55,7%) e do Brasil como um todo (59,4%). A insegurança alimentar abrange desde a alimentação de má qualidade, passando pela instabilidade no acesso a alimentos e a fome passou a ser experiência cotidiana nos lares brasileiros.
“O contexto é de desmonte e ataques propositais à classe trabalhadora. No campo, temos presenciado o desmantelamento de importantes políticas públicas de desenvolvimento rural e de Reforma Agrária. E o nosso Congresso tem como principal objetivo debater estratégias políticas que consigam trazer de volta a capacidade organizativa da base Contrafiana", alertou.
Rochinski conclui relembrando que a luta é por melhorias para todas e todos. "Precisamos avançar nas políticas públicas que beneficiem o conjunto dos agricultores familiares, principalmente na perspectiva da retomada da capacidade produtiva. Não apenas para melhorar as condições de vida das famílias dos povos do campo, das águas e das florestas, mas, fundamentalmente, para produzir alimentos de qualidade e fortalecer ainda mais a essência da agricultura familiar, que é alimentar toda nação brasileira”, disse.