A CONTRAF BRASIL, representada pela coordenadora da secretaria geral, Josana de Lima, participou da 48º Seção Nacional Brasileira da Reaf – Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar no Mercosul, que aconteceu entre os dias 26 e 27 deste mês de outubro. Um dos objetivos é garantir o espaço dos movimentos nessa instância de construção de políticas públicas para o desenvolvimento agrário e apontar os desafios que deverão ser levados a 26ª Reaf, que será convocada em breve.
Dentre os aspectos mais citados no debate está a o acesso à terra; o acesso do agricultor familiar ao crédito com um modelo mais eficiente; a água como componente fundamental para a produção e seu uso com sustentabilidade; energia limpa e renovável; agroecologia; igualdade de gênero e empoderamento das mulheres, principalmente no campo; a juventude no campo e educação.
“A demanda para área rural é um conjunto. Não vamos discutir apenas a questão da água ou do acesso à terra. Veja, que para erradicarmos a pobreza no campo, nós precisamos traçar linhas que atendam todas as necessidades, entre juventude, mulher, produção, comercialização e afins. Então é um conjunto!”, avalia Josana de Lima, coordenadora da secretaria geral da CONTRAF BRASIL.
Na oportunidade, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) no Brasil, apresentou que cerca de 80% das pessoas mais pobres do mundo vivem em áreas rurais.
Segundo a coordenadora da CONTRAF BRASIL, esse é um desafio, que os movimentos sociais já dialogam há muito tempo. “Esse dado triste da pobreza não nos assusta porque conhecemos essa realidade de perto, porém, isso nos pontua para começarmos a avaliar e perceber onde precisamos avançar”, comenta.
Ainda, de acordo com o estudo da FAO, a maioria depende da agricultura, que é a maior empregadora do mundo. E que o crescimento agrícola em países de baixa renda e economia agrária são no mínimo duas vezes, mais eficazes que o crescimento em outros setores quando se fala em redução da fome e da pobreza.
Na ocasião, os movimentos sociais relataram que possuem experiências, de sucesso, que o governo brasileiro conhece. Muitos implementados e que resultaram em famílias que saíram da linha de pobreza, conseguiram melhorar sua produção e ser inserida nos programas de compra do governo; acessaram o crédito; melhoraram o solo e suas propriedades. “São experiências importantes que precisam ser focadas e a REAF precisa conhecer” destacou Josana.
Durante a reunião a FAO levou outros dados de que a agricultura é uma das responsáveis pela degradação. Diante disso, a entidade representativa da agricultura familiar pediu o encaminhamento de um estudo, para identificar que agricultura é essa que degrada o meio ambiente.
“Quem é que está produzindo assim? Porque a agricultura familiar em si é de pequeno porte de produção, de comercialização, e sustentável. Nós agricultores que vivemos a realidade, percebemos que é a agricultura familiar que consegue reconstruir, inclusive, aquilo que estava perdido por degradação dos grandes”, sinaliza a Josana.
O evento foi coordenado pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), com participação de representações do governo e da sociedade civil.
Os grupos temáticos trabalhados atualmente na Seção Nacional Brasileira são: Facilitação do Comércio; Juventude; Registros da Agricultura Familiar; Políticas Fundiárias, Acesso a Terra e Reforma Agrária; Equidade de Gênero e Mudanças Climáticas.
“A reunião acende ainda mais a nossa luz de fazer a defesa dos movimentos sociais, com algumas linhas de governo, que estamos certos em dizer que a agricultura familiar é importante, e que nós não podemos recuar e sim dar um passo à frente”, complementa.