Audiência com Secretaria da Agricultura não ameniza estiagem

28/02/2012 - 00:00

Em mais de duas horas de discussão não houve ampliação de recursos, nem políticas de apoio aos agricultores familiares

Lideranças da Agricultura Familiar e Camponesa de Santa Catarina foram recebidas pelo Secretário de Agricultura João Rodrigues às 17h desta segunda feira. Foram mais de duas horas de discussão que não trouxeram novidades para o setor produtivo. Não houve ampliação de recursos, nem políticas de apoio aos agricultores familiares, atingidos pelam estiagem.

O encontro foi agendado mediante a pressão da mobilização na última sexta-feira, quando na saída do Centro de Eventos de Chapecó, o Secretário de Agricultura do estado João Rodrigues anunciou finalmente que a audiência seria realizada nesta segunda-feira. A Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul, solicitou a audiência com a secretaria de agricultura no dia 12 de janeiro, mas 40 dias após o fato, ainda não havia obtido retorno referente ao ofício. 

Dos seis pontos reivindicados nenhum deles foi atendido de forma satisfatória. Segundo o Secretário João Rodrigues, não há recurso para e reposição das perdas com a estiagem, e tão pouco para um programa de recuperação de nascentes, tão necessário do ponto de vista ambiental. A anistia total do “Troca-Troca” desta safra não foi concedida. O Secretário afirma que o subsidio de 50% no “Troca-Troca” da safra 2012/2013 estaria contemplado nos 3 milhões anunciados na sexta-feira. O recurso aplicado em sementes deverá atender 16 mil famílias de baixa renda e que não estão enquadrados no seguro agrícola, (20 kg de sementes de milho, 40kg de aveia e 20kg azevem).

No entanto grande parte dos agricultores da região oeste que possuía seguro agrícola não conseguiu acessar por problemas com documentação ou na vistoria, por isso a FETRAF-SUL reivindica a necessidade do acesso as sementes para todos os atingidos pela estiagem e não somente para os excluídos do processo do Proagro. 

Quanto ao recurso para as prefeituras, a justificativa é que foram anunciados outros 3 milhões na sexta feira, em Chapecó. São 96 municípios em situação de emergência o valor corresponde a pouco mais de 31 mil Reais por cidade e não atende às necessidades dos municípios já endividados.

Para os movimentos sociais a construção de cisternas necessita ainda de subsídio. O Programa Juro Zero, que realiza este financiamento foi acessado nesta safra por 225 produtores nas 36 Secretarias de Desenvolvimento Regional (SDR), o que corresponde a pouco mais de 6 financiamentos por SDR, na sede de Chapecó foram apenas dois financiamentos, segundo Alexandre Bergamin isso aconteceu porque o Juro Zero não é atrativo para o agricultor.

“Se a gente quiser que o agricultor realmente acesse o programa “Juro Zero” para a próxima safra, é necessário um subsídio de 50%, ou ele (o agricultor) dará prioridade para os investimentos em áreas da propriedade que resultem em maior lucratividade como a pecuária leiteira”. Segundo dados da Cresol Central SC/RS (Cooperativa de Crédito com Interação Solidária ) a média de financiamento de custeio por agricultor é de 10 mil  Reais, enquanto a construção de uma cisterna custa em média 30 mil Reis, valor desproporcional e inviável diante do investimento que o agricultor costuma fazer por safra.

Para Alexandre Bergamin mais uma vez ficou claro a falta de valorização da Agricultura Familiar: “Queremos que o Governo do Estado reconheça a importância e a necessidade de apoio para este setor, que passa por um momento difícil, porque a Agricultura Familiar e Camponesa é mais do que um trabalho, é uma missão , compreender isso faz a diferença”.

*IMPENSA FETRAF-SUL