A história avança no seu processo de construção e consigo traz desafios. Ao longo de nossa trajetória muito temos para contar, afinal são 22 anos de política de gênero ? marcados pela bravura e dedicação daquelas que abraçaram a causa em defesa da igualdade entre mulheres e homens no espaço sindical, no local de trabalho e na sociedade como um todo.
Não foi uma tarefa fácil colocar no debate o cotidiano das mulheres trabalhadoras, em especial das agricultoras familiares. Para isso, foi preciso um trabalho de conscientização de ambos os sexos para que fosse definida uma política de combate aos diversos tipos de preconceitos e discriminações existentes no cotidiano das relações sindicais e sociais.
Essa luta por igualdade também apontou as diferenças que devem ser respeitadas. As idéias, relatos, desabafos sobre as angustias, dificuldades e desafios vivenciados no cotidiano da vida e do mercado trouxe a valorização do trabalho feminino e organização por parte do movimento sindical. Da mesma forma, a necessidade de cotas e de representação das mulheres nos espaços públicos fez-se uma realidade.
Mulheres que nas falas, olhares e gestos querem mudar a história de tanta opressão e discriminação. Em seus depoimentos carregados de emoção, está a confirmação do alto grau de machismo que predomina nas relações de trabalho. Muitas em situações de humilhação, dor, agressão e violência trazem também a força, a garra, a alegria de quem quer construir uma vida diferente, com mais igualdade e dignidade. Talvez esse perfil que por ?muitos? é criticado seja o alicerce fundamental para os resultados obtidos de transformações e mudanças sobre a questão de gênero no meio sindical. Sem isso, seria muito difícil estarmos aqui falando sobre o Dia Internacional da Mulher.
Elisângela Araújo
Coordenadora Geral - Fetraf-Brasi/CUT