Reforma agrária é fundamental para garantir soberania alimentar e levar emprego ao campo

Coordenador de reforma agrária da Fetraf diz que país tem dívida com trabalhadores do campo

Escrito por: Fetraf • Publicado em: 09/08/2013 - 21:02 Escrito por: Fetraf Publicado em: 09/08/2013 - 21:02

Apesar dos avanços nos últimos 10 anos, o Brasil ainda é um país onde um pequeno grupo de pessoas detém um grande número de terras.

De acordo com dados do IBGE, cerca de 8.300 grandes proprietários de terra são donos de 83 milhões de hectares, enquanto 4,3 milhões de famílias de trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar e camponesa possuem 70 milhões de hectares. Porém, são os agricultores familiares os responsáveis por 70% do alimento na mesa do povo brasileiro.

A redistribuição de terras é um dos temas do III Congresso da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), que acontece em Luziânia, Goiás.

Coordenador de Reforma Agrária da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf), Lázaro Bento, acredita que uma das principais lutas da entidade foi desenvolver um amplo trabalho para organizar os agriculores na luta pela terra, tanto para obter o assentamento, quanto para melhorar a infraestrutura dos assentados.

Porém, como outros dirigentes da federação, ele cita que o governo ainda tem dívida com os agricultores familiares na questão fundiária.

“Medidas como os programas de alimentação escolar (Pnae) e de aquisição de alimentos (PAA) representam avanços, sem dúvida, mas não podemos admitir que em todo país ainda tenhamos cerca de 200 mil famílias acampadas, aguardando terra para produzir”, explica Bento.

Além da distribuição de terra, eixo fundamental para um governo que luta contra a desigualdade, Lárazo Bento explica que a reforma política é essencial como projeto político para garantir o equilíbrio nas cidades.

“A reforma agrária garante emprego, produção, melhor condição de vida para que o trabalhador possa permanecer no campo e ajudar a desenvolver a região. Quando a família deixa a beira da estrada e começa a produzir, mexe com toda a economia local”, afirma.

Para ele, o assentamento de famílias e o incentivo à produção familiar, com políticas públicas que garantam a infraestrutura, produção e distribuição de alimentos, acaba por promover o crescimento em outros segmentos sociais.

“A chegada das famílias aumenta a demanda por saúde, educação, transporte. E como a luta é continua, a propriedade familiar afeta diretamente na melhoria da região.”

Por fim, Lázaro destaca que sem reforma agrária não há desenvolvimento sustentável e, muito menos, prioridade para a produção de alimentos.

“O Brasil não pode ser um país focado na exportação de comomodities agrícolas porque não é isso que vai colocar o alimento na mesa dos brasileiros. A forma de produção voltada à exportação também não tem como prioridade a preservação do meio ambiente e por isso o governo deve ser mais ousado para fazer uma legítima reforma no campo.”

Título: Reforma agrária é fundamental para garantir soberania alimentar e levar emprego ao campo, Conteúdo: Apesar dos avanços nos últimos 10 anos, o Brasil ainda é um país onde um pequeno grupo de pessoas detém um grande número de terras. De acordo com dados do IBGE, cerca de 8.300 grandes proprietários de terra são donos de 83 milhões de hectares, enquanto 4,3 milhões de famílias de trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar e camponesa possuem 70 milhões de hectares. Porém, são os agricultores familiares os responsáveis por 70% do alimento na mesa do povo brasileiro. A redistribuição de terras é um dos temas do III Congresso da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), que acontece em Luziânia, Goiás. Coordenador de Reforma Agrária da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf), Lázaro Bento, acredita que uma das principais lutas da entidade foi desenvolver um amplo trabalho para organizar os agriculores na luta pela terra, tanto para obter o assentamento, quanto para melhorar a infraestrutura dos assentados. Porém, como outros dirigentes da federação, ele cita que o governo ainda tem dívida com os agricultores familiares na questão fundiária. “Medidas como os programas de alimentação escolar (Pnae) e de aquisição de alimentos (PAA) representam avanços, sem dúvida, mas não podemos admitir que em todo país ainda tenhamos cerca de 200 mil famílias acampadas, aguardando terra para produzir”, explica Bento. Além da distribuição de terra, eixo fundamental para um governo que luta contra a desigualdade, Lárazo Bento explica que a reforma política é essencial como projeto político para garantir o equilíbrio nas cidades. “A reforma agrária garante emprego, produção, melhor condição de vida para que o trabalhador possa permanecer no campo e ajudar a desenvolver a região. Quando a família deixa a beira da estrada e começa a produzir, mexe com toda a economia local”, afirma. Para ele, o assentamento de famílias e o incentivo à produção familiar, com políticas públicas que garantam a infraestrutura, produção e distribuição de alimentos, acaba por promover o crescimento em outros segmentos sociais. “A chegada das famílias aumenta a demanda por saúde, educação, transporte. E como a luta é continua, a propriedade familiar afeta diretamente na melhoria da região.” Por fim, Lázaro destaca que sem reforma agrária não há desenvolvimento sustentável e, muito menos, prioridade para a produção de alimentos. “O Brasil não pode ser um país focado na exportação de comomodities agrícolas porque não é isso que vai colocar o alimento na mesa dos brasileiros. A forma de produção voltada à exportação também não tem como prioridade a preservação do meio ambiente e por isso o governo deve ser mais ousado para fazer uma legítima reforma no campo.”



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