Organizações do campo afirmam continuidade das mobilizações após acampamento unitário

08/09/2016 - 11:46

Apesar dos movimentos sentarem com vários ministérios e órgãos, não houve, de forma concreta, encaminhamentos.

Com a participação no 22° Grito dos Excluídos, a Jornada Unitária dos Povos do Campo, das Águas e das Florestas encerra as atividades do acampamento unitário, realizado entre os dias 5 a 7 de setembro em Brasília. Ao todo, foram 13 estados mobilizados por meio de ocupações de terras, prédios públicos e marchas realizadas por uma ampla unidade dos movimentos sociais do campo.
 
“A conjuntura de ameaça aos direitos dos povos do campo, das águas e das florestas nos exige a construção da unidade. Todas as conquistas que obtivermos no próximo período será mérito da nossa unidade. A ordem é seguirmos mobilizados até que a democracia seja restaurada e os nossos direitos garantidos”, afirma Alexandre Conceição, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
 
De acordo com Alessandra Lunas, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), a jornada de lutas foi o início das lutas que ainda estão por vir. “Inauguramos este acampamento, mostrando ao governo golpista a nossa unidade e nossa capacidade de luta permanente, o recado já está dado agora ele sabe oque vai enfrentar", concluí. 
 
Para Anderson Amaro, da coordenação nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores, a jornada reforçou a unidade no campo, “a jornada foi fundamental para dar o tom ao governo do que eles irão enfrentar. A unidade é fundamental para fazer frente a onde de perdas de direitos que estamos sofrendo. Só uma sólida articulação barrará isso” enfatiza Amaro.
 
A questão agrária é a pauta principal dos movimentos sociais que atuam em unidade. Entre as reivindicações, está o assentamento imediato das mais de 120 mil famílias acampadas em todo o país, a revogação da lei que permite a venda indiscriminada de terras para estrangeiros, a defesa da produção de alimentos saudáveis e de políticas de transição para a agroecologia.
 
"O governo não demonstra intensão de fortalecimento da agricultura familiar e camponesa, como também da reforma agrária. Isso remete à necessidade para os próximos dias de continuarmos mobilizados, firmes, e imbuídos de muita garra e determinação, para que consigamos, efetivamente, fazer com que nossas reivindicações sejam atendidas”, avalia Marcos Rochinski, coordenador geral da Fetraf Brasil.
 
Outro ponto trata do desenvolvimento e infraestrutura no campo, como o fortalecimento de programas estruturantes, assistência técnica e demais programas que garantem a produção da agricultura familiar e camponesa.
 
As organizações ainda denunciam a ameaça aos direitos previdenciários e trabalhistas, a criminalização dos movimentos populares e, principalmente, o golpe à democracia após a violação da Constituição brasileira pelo Congresso Nacional e pela elite econômica e política do país que levou Michel Temer à Presidência da República.